“Quem sobreviver no setor sucroenergético vai nadar de braçada”, diz Figliolino
12-06-2014

O mar da cana não está para peixe. O endividamento do setor sucroenergético atingiu R$ 42,42 bilhões na safra de 2013/2014, encerrada em março, alta de 8% sobre a dívida de R$ 39,26 bilhões da safra anterior, de acordo com avaliação preliminar do diretor comercial para açúcar e etanol do Itaú BBA, Alexandre Enrico Figliolino.
No entanto, com o aumento da produção, a dívida por tonelada de cana processada recuou de R$ 104 para R$ 99, informou o executivo, com base numa avaliação preliminar no setor feita com dados de 65 grupos, capazes de processar 429 milhões de toneladas por safra, ou 72% da moagem do Centro-Sul do País.
De acordo com o diretor do Itaú BBA, o crescimento muito superior do endividamento ante o aumento da produção preocupa. “Desde 2003 o endividamento cresceu 19 vezes e a produção pouco mais que dobrou.”
Na avaliação de Figliolino, entre os grupos avaliados, apenas 12 possuem situação considerada boa, com operação ajustada a baixa alavancagem. Outros 35 estão em situação mediana e 18 têm “operação muito ruim e alavancagem alta”.
Para a safra 2014/2015, o cenário é desanimador para o setor, na avaliação de Figliolino. Os custos devem crescer 13%, com salários mais altos, quebra na safra, sem perspectivas de mudança na política de preços dos combustíveis antes das eleições.
“Um terço do setor está indo pro brejo em dois ou três anos, ou seja, são 200 milhões de toneladas de cana, ou duas Tailândias”, afirmou. “Além da dívida desse terço só crescer, as usinas têm canaviais deteriorados e problemas de pagamento dos fornecedores.” Mas o executivo salienta que uma hora a crise passa, como tantas outras já passaram, e aqueles que sobreviverem, nadarão de braçada, pois o mercado estará em alta. “E quem vai sobreviver é quem sabe plantar, sabe cuidar da área agrícola” diz Figliolino