Recuperações judiciais no agronegócio crescem 44,6% em um ano e expõem urgência por crédito estruturado
12-08-2025

Fintech Agree defende análise personalizada como forma de prevenir crises financeiras no campo; soja e pecuária lideram pedidos no 1º trimestre de 2025

O agronegócio brasileiro registrou um aumento expressivo nos pedidos de recuperação judicial (RJ) no primeiro trimestre de 2025. Segundo a Serasa Experian, foram 389 solicitações, alta de 21,5% em relação ao último trimestre de 2024 e de 44,6% frente ao mesmo período do ano passado. O avanço mais acentuado foi entre agricultores pessoa física, com 195 pedidos, quase o dobro dos 106 registrados um ano antes.

Para especialistas, o salto nas estatísticas acende um alerta sobre o nível de endividamento no campo e a fragilidade do fluxo de caixa de parte dos produtores. A Agree, fintech focada em crédito rural, alerta que a RJ deve ser encarada como último recurso. “Quando o produtor chega à RJ, é sinal de que decisões anteriores comprometeram seu caixa. Nosso trabalho é atuar antes desse ponto de ruptura”, afirma Rayssa de Melo, cofundadora da empresa.

De acordo com a executiva, a combinação de margens mais apertadas, custos em alta, restrição de crédito e exigência crescente de garantias tem pressionado severamente a saúde financeira das propriedades. Nesse cenário, o crédito estruturado surge como ferramenta essencial para prevenir crises. “A ideia é antecipar problemas e oferecer soluções compatíveis com a realidade de cada operação”, explica.

Entre os setores mais impactados no início de 2025, destacam-se o cultivo de soja (59 pedidos) e a pecuária bovina (42 pedidos). Apesar da alta, os casos ainda representam uma fração pequena diante dos 1,4 milhão de produtores que tomaram crédito nos últimos dois anos — dado que, para Rayssa, reforça o potencial de prevenção por meio de uma gestão estratégica.

A proposta da Agree envolve conectar produtores a diversas instituições financeiras, utilizando uma análise minuciosa que considera cultura agrícola, região, histórico de crédito, calendário de safra e fluxo de caixa. “Não se trata apenas de liberar financiamento, mas de liberar o recurso certo, no momento ideal, com a estrutura adequada. Isso evita o endividamento em cadeia e reduz significativamente o risco de judicialização”, conclui.