Refinaria de Pecém, no Ceará, pode ter planta de metanol verde
12-01-2023

Além do refino de petróleo, Noxis Energy vê potencial para substituir importações de metanol, hoje 100% vindo do exterior
Por epbr
A Noxis Energy, que desenvolve a Refinaria de Petróleo de Pecém (RPP), no Ceará, estuda adicionar uma planta de metanol ao projeto. A companhia olha o potencial de substituição de importações do produto, já que hoje 100% do metanol consumido no Brasil é importado.
A previsão é produzir tanto metanol cinza, oriundo do gás natural, quanto metanol verde, a partir da oferta futura de hidrogênio verde em Pecém.
— O metanol é consumido no país nas indústrias de biodiesel e plástico, principalmente. O CEO da Noxis, Gabriel Debellian, também mira o potencial do setor marítimo.
A ideia é utilizar a sinergia de parte do maquinário da refinaria de petróleo para instalar uma planta com capacidade para produzir, num primeiro momento, entre 300 mil a 400 mil toneladas/ano de metanol cinza. Para isso, o gás precisa custar menos de US$ 5/MMBTU.
— O preço do gás natural é um desafio, pelos valores praticados no mercado nacional. Contudo, Debellian acredita que os preços globais cairão na segunda metade da década.
— Além da importação de gás natural liquefeito (GNL), a partir do terminal que será construído pela Portocem no porto cearense, a Noxis também mira oportunidades de aquisição de gás natural junto à Petrobras e à Eneva, em Sergipe.
Em dezembro, a empresa obteve autorização da ANP para construir uma refinaria capaz de processar 100 mil barris/dia no Ceará.
— A planta visa à produção, sobretudo, de óleo combustível marítimo, mas também diesel, gasolina e gás liquefeito de petróleo (GLP). A refinaria deve custar US$ 1,3 bilhão — sem a planta de metanol.
— A RPP aguarda, agora, a emissão da licença prévia. A expectativa é começar a construção ainda este ano e colocar a refinaria privada em operação até o fim de 2026.
Debellian não crê num retrocesso da abertura dos mercados de refino e gás. Apesar de o grupo de transição do governo ter proposto a revisão dos termos do acordo entre Petrobras e Cade para desconcentração de ambos os setores.
— Pelo contrário: o CEO da Noxis crê que o plano nacional de refino, prometido pelo novo governo, não se restringirá à Petrobras e abrirá oportunidades para agentes privados.
— Debellian ainda defende que a PPSA seja utilizada como indutora dos investimentos. “Em vez de comercializar óleo cru, a PPSA poderia entregar o petróleo da União para pequenos refinadores e, em troca, retirar produtos refinados acabados [de maior valor agregado], sem assumir o risco do investimento”, avalia.
Debellian se refere a contratos do tipo tolling, no qual o refinador cobra por um serviço de processamento. Funciona como um “aluguel-serviço” da capacidade de refino.