Resultados de pesquisa Colmeia Viva® apontam para uso incorreto de defensivo em cana
26-09-2018

Ações voltadas a prevenir a mortalidade de abelhas nas áreas de cana- incluem parceria com Unica e uso de plataforma digital 

Os resultados de três anos do Colmeia Viva®MAP (Mapeamento de Abelhas Participativo), iniciativa de pesquisa com a participação da Unesp e UFScar para o levantamento de dados sobre a mortalidade de abelhas, com um mapeamento inédito dos fatores que contribuem para a perda de colmeias e abelhas no Estado de São Paulo, apontam para 11 casos de uso incorreto de defensivos em áreas próximas de cana-de-açúcar, especialmente em casos de pulverização aérea.

No período de agosto/2014 a agosto/2017 foram 222 atendimentos voltados aos agricultores e criadores de abelhas, sendo 107 visitas em campo em quatro macro regiões no Estado de São Paulo, onde foram analisadas as práticas agrícolas (cultivos do entorno, taxa de dependência de polinização, estágio da cultura, histórico e modalidade da aplicação de defensivos agrícolas e autorização e condições de uso para defensivos agrícolas) e práticas apícolas ( alimentação suplementar, troca anual de rainha, quantidade de caixas por apiário, frequência de visitação, localização do apiário e pasto apícola).

Das 107 visitas realizadas, 88 possibilitaram coleta de abelha com uma análise mais focada na relação da agricultura e apicultura e a aplicação de defensivos agrícolas. Deste total, 29 casos resultaram em negativo para resíduos químicos e 59 casos com resíduos de produtos químicos, sendo 21 com práticas de uso incorreto de defensivos agrícolas na lavoura, como dosagens acima das recomendações indicadas em rótulo e bula; falta do cumprimento das exigências legais para a aplicação de defensivos agrícolas com vistas à proteção ao cultivo nas modalidades aprovadas (aérea ou terrestre); falta de formalização do pasto apícola; emprego incorreto da modalidade de aplicação sem a autorização ou registro de produtos para cultura agrícola.

Já os demais 27 atendimentos dos registros de mortalidade de abelhas indicaram uso dos produtos sem relação direta com o controle de pragas indicado para as lavouras, com suspeita de uso não agrícola, como por exemplo: criação de gado, abelhas visitando a área de alimentação de bovinos (em busca de água ou alimento), controle de carrapatos em região de criação de cavalos ou mesmo controle de formigas e cupins pelo apicultor, através da aplicação de produtos químicos - tanto nas caixas como no entorno do apiário.

Na visita em campo, a equipe verificou os principais cultivos dentro do raio de 3 km. A iniciativa aprofundou um pouco mais os aspectos dos recursos florais disponíveis avaliando as culturas do entorno do apiário.

A metade dos casos com resíduos químicos associada ao uso incorreto na lavoura conta com a presença de inseticidas do grupo químico dos neonicotinoides (11 casos) com foco na cultura de cana-de-açúcar. Também são estes casos em que há relação com pulverização aérea - prática autorizada para este cultivo de acordo com as orientações de cada produto em suas bulas. Já os demais 10 casos de uso incorreto na lavoura estão associados ao inseticida do grupo químico pirazol, sem relação com pulverização aérea, tratando-se de casos em cana, laranja, café e eucalipto.

Nas 78 cidades atendidas pelo projeto de pesquisa em 3 anos foram atendimentos de mortalidade de abelhas. Não foram observados sinais da Síndrome do Desaparecimento das Abelhas (CCD) como os sintomas característicos de colmeia desorganizada, com sujeira e completamente abandonada ou declínio da população de abelhas com desaparecimento repentino das operárias e enfraquecimento das colônias sem a presença de abelhas mortas. Fenômeno registrado principalmente no hemisfério norte, somente com abelhas Apismellifera. O relatório completo pode ser baixado no site do Movimento Colmeia Viva em http://projetocolmeiaviva.org.br/wp-content/uploads/2018/07/Relatorio_MAP_final_baixa.pdf.

Veja matéria completa na editoria Sustentabilidade da edição 58 da revista Digital CanaOnline. No site www.canaonline.com.br você pode visualizar as edições da revista ou baixar grátis o pdf.
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