Rodotrem canavieiro de 12 eixos
26-06-2014

Segundo consultor, uma alternativa de adequação à Lei da Balança é aumentar o número de eixos da composição de 9 para 12, com o mesmo comprimento. Mudança que exige homologação pelo Denatran

Clivonei Roberto

Com a fiscalização cada vez mais intensa no tocante aos PBTC’s (Peso Bruto Total Combinado) das composições canavieiras, pode ter chegado a hora de o setor sucroenergético tentar homologar, junto ao Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), o rodotrem de 12 eixos.
Essa é a opinião do consultor Luiz A.F.Nitsch, diretor da Sigma Consultoria Automotiva. Segundo ele, atualmente o rodotrem é a composição mais utilizada pelos grandes grupos canavieiros, aparecendo em segundo lugar o tradicional treminhão e, já quase desaparecendo, os biminhões. Segundo a Lei da Balança, os pesos por eixo (legais) para o Rodotrem são, respectivamente, da frente para trás, 6T, 17T, 17T, 17T e 17T, totalizando 74T. “Mas, se formos obedecer rigorosamente estes números, preconizados pela Portaria número 63, a carga líquida passa a ser quase ridícula, em volta de 45T (23+22), levando em conta as taras dos equipamentos”, diz Nitsch. A média das cargas líquidas das usinas brasileiras de alta performance gira em volta de 64T (32T por caixa de carga, podendo chegar a 40T), num rodotrem que incorpore semi-reboque e reboque, dotados de caixas de carga de 12,5m X 4,2m X 2.5m.
Na opinião do consultor, a maneira mais viável de se contornar o problema, utilizando os próprios preceitos da Lei da Balança, seria aumentar o número de eixos da composição, de 9 para 12. “Desta forma, seria possível transportar as mesmas 64T de carga líquida, e legalmente! É bom frisar que nosso objetivo não é transportar mais carga nos atuais rodotrens e sim transportar as mesmas atuais e usuais cargas, porém, dentro da Lei da Balança.”
Com a mudança, o comprimento da composição, de 30m de para-choque a para-choque, permanece. Outra vantagem seria a possibilidade de alterar os conjuntos ora existentes, sem necessidade de aquisição de novos implementos rodoviários providos de jogos de eixos triplos, cuja capacidade legal, de carga máxima, é de 25,5T. “Tal e qual foi feito na Usina Goiasa, implementos rodoviários antigos (o protótipo possui ainda as jurássicas rodas raiadas), foram modificados artesanalmente, ao custo de R$ 87.000,00.”
Segundo ele, ao contrário do que se pensava, o desgaste de pneus e arrasto foi muito menor do que em um rodotrem convencional. “De acordo com os motoristas, os freios funcionam muito melhor, sendo possível parar a composição carregada numa distância 35% menor do que no rodotrem convencional. “É bom lembrar de que na Goiasa as cargas aplicadas neste protótipo são as mesmas aplicadas aos demais rodotrens, ou seja, não há nenhum ‘milagre’: existem mais três eixos frenando a composição, para as mesmas cargas líquidas anteriores.
PLEITEAR MAIS UMA CONFIGURAÇÃO - Para Nitsch, é urgente que se trabalhe junto ao Denatran no sentido de se adicionar e homologar mais uma configuração de composição canavieira na atual lista de composições, para um PBTC de 99,5T, incorporando 12 eixos e permanecendo no comprimento de 30 metros.
“Nenhuma providência de eventual remoção de peso morto (tara) das composições atuais permitirá transportar cargas líquidas de 58T/64T, visto que seria imperativo aliviar no mínimo 5T/8T em cada implemento rodoviário.”
O consultor salienta que não existe esta possibilidade, segundo o departamento de engenharia das fábricas, a não ser que se utilize titânio na confecção do chassi e da caixa de carga, “algo absolutamente inviável economicamente”. Com outros materiais leves de custo razoável, como aço Doomex ou mesmo alumínio, e eixos com suspensão pneumática, os usuários teriam que fazer grandes concessões no tocante ao peso da massa líquida de cana a ser transportada, pois o alívio de peso seria de, no máximo, 4T . “Obviamente, haveria aumento de custo em relação ao equipamento hoje oferecido para o mercado.”