Romeu Voss pede a liberação da queima da cana a cada três anos para controlar o Colletrotrichum falcatum
28-10-2016

O fogo é a única forma, atualmente, para controlar a doença que se alastra pelos canaviais

Como a doença Colletrotrichum falcatum ocorria, na grande maioria das vezes, em associação à Broca, o combate a essa doença se dava, basicamente, por tabela ao controle da praga, que sempre foi muito eficiente. Além disso, na época em que a cana era queimada, o fogo por si só controlava o inóculo, destruindo qualquer vestígio do fungo que permanecia no canavial. Com isso, nunca foram criados agroquímicos específicos ou até mesmo variedades resistentes a esse fungo.

“Isso é o que torna o cenário atual tão preocupante, pois não temos nem variedades nem fungicidas para utilizar, sendo estamos proibidos de usar a única forma de controle conhecida, que é o fogo”, afirma o consultor Álvaro Sanguino. Segundo ele, “a cana está com deficiência de fósforo, mas aquele de caixinha”.

Opinião semelhante é a de Luiz Romeu Voss, gerente agrícola da Nova Aralco, localizada na região de Araçatuba, SP. Para ele, é preciso instituir, urgentemente, um vazio sanitário na cana-de-açúcar, única forma viável de se combater, não somente o Colletrotrichum falcatum, mas também outras pragas e doenças de grande importância econômica para a cultura.

Para aqueles que não saibam, o vazio sanitário é um período de ausência de plantas vivas (cultivadas ou voluntárias) nas lavouras de culturas como soja, feijão e algodão. Em cumprimento as normativas estaduais neste período, todas as espécies voluntárias, hospedeiras de pragas-alvo e doenças devem ser destruídas mediante o uso de produtos químicos ou métodos físicos, como a utilização de grade, dentro do prazo estipulado. “Se a queima fosse liberada de três em três anos, por exemplo, já seria um vazio sanitário de grande ajuda para o setor”, afirma Voss.

Esse apelo se deve ao fato de a Nova Aralco vem sofrendo muito com o Colletrotrichumf alcatum. “Nós já estamos quase no final de safra e nem mesmo havíamos percebido essa doença. Não detectamos nada nas variedades precoces no início da safra. O susto veio a partir de julho, quando as canas de meio e final de safra apresentaram quedas de ATR de cerca de 23 kg/ha.” Ele conta que a descoberta da doença só viria quando, mesmo após a aplicação de maturador, o ATR não subia. “Nós fomos pegos de surpresa.”

O gerente agrícola conta que já possui 37 anos de experiência no setor canavieiro e que sempre ouviu falar dessa doença, mas que nunca havia se deparado com uma infestação. “No Oeste Paulista, esse fungo foi detectado no ano passado e foi responsável por 5% de quebra de produtividade na região como um todo.”

Por fim, Voss faz um apelo aos profissionais do setor, pedindo que haja união para a criação de um comitê que leve as considerações ao governo para que a queima da cana seja liberada. “Do contrário, vai ser muito difícil produzir cana-de-açúcar daqui para frente.”

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