Safra da cana começa mais lenta no Centro-Sul, com produção de etanol hidratado em baixa de 21,5%
13-05-2022

Colheita da cana-de-açúcar na região de Ribeirão Preto, SP — Foto: Reprodução/EPTV
Colheita da cana-de-açúcar na região de Ribeirão Preto, SP — Foto: Reprodução/EPTV

Resultado é associado a menor número de usinas em operação em abril. Com registro, deixaram de ser produzidos 341 milhões de litros do combustível concorrente da gasolina em meio a preços em alta.

Por Rodolfo Tiengo, g1 Ribeirão Preto e Franca

A safra 2022/2023 da cana-de-açúcar começou mais lenta do que o esperado na região Centro-Sul do país com uma moagem 35,8% inferior e uma produção 21,5% mais baixa de etanol hidratado - o utilizado como concorrente da gasolina nos postos, segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).

Outro subproduto da cana, o açúcar teve queda de 50% no volume produzido.

As baixas iniciais contrapõem projeções de alta de especialistas para o ciclo e estão associadas ao menor número de usinas que entraram em operação: 180 contra 207 em 2021.

Com o resultado registrado em abril, 341 milhões de litros de etanol hidratado deixaram de ser produzidos, o que não favorece as expectativas de redução nos preços nos postos com o fim da entressafra. No estado de São Paulo, o litro ultrapassa os R$ 6,00 em algumas cidades, segundo a ANP.

Segundo a Unica, no entanto, o volume de produção deve se expandir em maio, quando mais 57 unidades devem iniciar a moagem no Centro-Sul.

No ciclo 2021/2022, o Centro-Sul teve a menor moagem de cana em dez anos, além da mais baixa produção de etanol dos últimos quatro anos em um cenário prejudicado por incêndios e geadas nas lavouras.

Moagem menor

O acumulado até a segunda quinzena do mês passado registrou 29,11 milhões de toneladas de matéria-prima processada nas usinas que respondem por mais de 90% da produção nacional, diante de 45,3 milhões no mesmo período do ano passado.

A produtividade por área colhida teve um incremento simbólico de 1% - com 81,2 toneladas colhidas por hectare -, segundo estimativas do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), mas a qualidade da matéria-prima caiu 7,31%, com um rendimento de 108,46 kg de açúcares totais recuperáveis (ATRs) por tonelada.

Etanol e açúcar em baixa

Foco de 64,5% de toda a matéria-prima colhida, a produção total de etanol caiu 26,8%, com 1,49 bilhão de litros. Destes, 1,24 bilhão foram de etanol hidratado - em baixa de 21,5% - e 242,91 milhões foram correspondentes ao etanol anidro - usado na mistura com a gasolina -, o que representa uma queda de 45,7%.

A queda se contrapõe aos números do etanol de milho, que tem ganhado espaço no país e fechou abril com produção em alta de 17,9%. Foram 281 milhões de litros no período - valor não contabilizado no resultado total da Unica.

Com uma participação mais baixa em relação à safra passada - de 35,42% -, a produção de açúcar totalizada em abril foi de 1,06 milhão de toneladas, ou seja, 50,6% menor em comparação com o mesmo mês de 2021.

Projeções de alta

As previsões iniciais, divulgadas em março em Ribeirão Preto (SP) no painel "Abertura de Safra", promovido pela consultoria agrícola Datagro, indicam uma moagem total de 562 milhões de toneladas para o ciclo 2022/2023.

Isso representa 37 milhões a mais com relação a 2021/2022, que fechou com uma quebra de 13,6% e o menor resultado em 10 anos. A nova projeção, no entanto, pode ser menor se for afetada por fatores climáticos, além de questões como a preocupação com relação à infestação de pragas.

A produção de etanol esperada é de 29,8 bilhões de litros, um aumento de 7,5% proporcionado, em parte, pela elevação na participação do combustível derivado do milho - que de 3,4 bilhões passará a contabilizar 4,6 bilhões de litros.

Já o crescimento da produção de açúcar foi projetado em 2,8%, com um total de 33 milhões de toneladas.