Safra de cana-de-açúcar ainda sofre com os problemas climáticos
15-12-2014

A safra 2014/2015 de cana-de-açúcar está chegando ao fim na maioria das usinas do Estado de São Paulo e o resultado, como esperado, está abaixo do registrado na safra anterior. Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), no acumulado do ano, a região Centro-Sul totalizou 554,09 milhões de toneladas, uma redução de 3% com relação ao mesmo período da safra anterior, quando foram moídas 571,20 milhões de toneladas.

Apenas na segunda metade de novembro, os resultados foram ainda mais preocupantes, com uma queda de 40% quando comparado com a mesma quinzena de 2013. No período, esse ano, foram moídas 15,75 milhões de toneladas contra 26,04 milhões de toneladas do ano passado. Segundo o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, as chuvas dos últimos dias de novembro prejudicaram a operacionalização da colheita, levando muitas usinas a postergarem o término da safra para o início de dezembro.

Ainda assim, o número de unidades com moagem encerrada até o final de novembro é muito maior comparativamente ao último ano: são 136 contra apenas 73 empresas na mesma data de 2013. "Este número elevado de usinas com safra já finalizada reflete a quebra agrícola que atingiu principalmente o Estado de São Paulo", destaca Rodrigues.

Contramão
No entanto, a Guarani, empresa do setor sucroenergético com usina na região de Rio Preto, seguiu na direção oposta. A empresa realizou nessa semana um evento para apresentar os resultados da safra 2014/2015 e, ao contrário da maioria, conseguiu superar os números da safra anterior, com 20,3 milhões de toneladas de cana moída, 3% a mais que na safra 2013/2014, quando fizeram 19,7 milhões de toneladas.

"Esperávamos, há um ano, fazer ainda mais, mas, devido à seca desse ano, acabamos tendo uma quebra significativa. Isso impactou não só no rendimento agrícola, mas também no teor de açúcar, o que fez uma diferença grande na produção total", afirma Alberto Pedrosa, diretor presidente da Guarani. Segundo Pedrosa, os resultados da empresa são creditados aos investimentos feitos em tecnologia e em novas variedades de cana, mais resistentes ao clima da nossa região.

"Estamos trabalhando ativamente no aumento da nossa produtividade de todas as formas que possam nos permitir ter mais eficiência interna e, com isso, reduzir nossos custos. Assim, mesmo com um ambiente externo adverso, como esse que vivemos hoje, a Guarani tem que conseguir manter um nível de rentabilidade adequado". Um exemplo é o aumento na eficiência das máquinas responsáveis pela colheita. "Nossas colhedoras possuem uma eficiência de pouco menos de 600 toneladas por máquina por dia.

Nós desenvolvemos pilotos em determinadas frentes com nossa equipe onde conseguimos resultados acima de 800 toneladas por máquina por dia. Então, passar de menos de 600 toneladas para mais de 800 toneladas representa um crescimento de aproximadamente 35% na nossa produtividade em uma atividade que é essencial e chave no nosso sistema produtivo", explica Pedrosa.

As complicações da estiagem durante 2014 devem acabar impactando na próxima safra. Devido à falta de chuva, a região sofreu com uma série de incêndios em canaviais, o que deve afetar diretamente no desenvolvimento da cana para a safra 2015/2016, afirma Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da Única. "Além disso, o nível de reforma dos canaviais foi muito baixo, não se plantou cana de janeiro a outubro como se deveria. Com isso, no ano que vem deveremos ter um canavial mais envelhecido.

E dificilmente vamos conseguir ultrapassar essa safra que estamos terminando", diz Rodrigues. No entanto, a onda recente de chuvas já dá esperança de melhores resultados para Jayme Stupiello, diretor agrícola da Guarani. "Estou bastante confiante. As chuvas já voltaram e teremos uma boa safra em 2015 se continuarem com boa regularidade durante dezembro, janeiro, fevereiro e março".

Produtividade
Segundo o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), a produtividade dos canaviais colhidos em novembro na região Centro-Sul alcançou 63,5 toneladas por hectare, recuo de 15% sobre o mesmo período de 2013. No acumulado da atual safra até o final do último mês, a quebra agrícola atingiu 7,8%, enquanto no Estado de São Paulo superou 11% (73,8 toneladas por hectare, contra 83,8 toneladas em 2013).