São Martinho transforma seus canaviais em fazendas digitais
13-11-2019

Os mais de 135 mil hectares da Usina São Martinho já operam dentro da tecnologia 4G, transmitindo dados, voz e vídeo em alta velocidade. Foto: Arquivo CanaOnline
Os mais de 135 mil hectares da Usina São Martinho já operam dentro da tecnologia 4G, transmitindo dados, voz e vídeo em alta velocidade. Foto: Arquivo CanaOnline

Independentemente de onde as máquinas estejam, agora é possível transmitir dados em tempo real para a Central de Operações Agrícolas agilizando o processo de tomada de decisão

Leonardo Ruiz

Um dos maiores obstáculos para a chegada definitiva da Indústria 4.0 no agronegócio brasileiro é a conectividade no campo. Nos dias atuais, plantadoras e colhedoras transitam sobre as lavouras brasileiras dotadas da mais alta tecnologia. No entanto, sem uma conectividade adequada para integração dos dados em tempo real com a sede da fazenda, perde-se eficiência operacional.

Considerada a maior usina de cana-de-açúcar do mundo, a São Martinho, de Pradópolis/SP, já não enfrenta mais esse tipo de problema. Nos últimos anos, a companhia tem trabalhado com a ideia de montar uma “operadora de celular” no campo a fim de transformar seus canaviais em verdadeiras fazendas digitais.

 

Gráfico Monitoramento das operações em tempo real
Fonte: Divulgação São Martinho

Em funcionamento desde o início da safra 2019/20, a rede própria de internet da São Martinho permite não apenas uma geração massiva de dados pelas máquinas e equipamentos nos canaviais, mas um alto grau de conectividade por meio de um sistema de troca de informações em tempo real. A quantidade de dados transmitidos é tamanha que é possível “ensinar” as máquinas a operar no campo. A tão sonhada Inteligência Artificial (IA) parece ter chego à companhia, que se torna uma das primeiras do segmento a se firmar definitivamente na era da Indústria 4.0.

São Martinho se une ao CPqD para conectar seus canaviais e agilizar a tomada de decisão

O projeto de transformação digital no Grupo São Martinho não é recente. Já na década de 1990 se falava do poder revolucionário das novas tecnologias, talvez não nos patamares atuais, mas suficiente para causar significativos impactos no sistema produtivo. Naquela época, a tecnologia de GPS e do piloto automático dava seus primeiros passos. Paralelismo das linhas e fim do pisoteio haviam se tornado possível.

Com um vislumbre do poderio transformador da tecnologia no agronegócio, os gestores da São Martinho deram início a um projeto de automação agrícola, que atuava em quatro frentes distintas: logística, agricultura de precisão, gestão de ativos e planejamento. Com o passar dos anos, foram sendo notados alguns GAPs, sendo o principal deles, a falta de conectividade no campo.

Walter Maccheroni: “De nada adianta a geração de dados pelas máquinas em operação no campo, se essas informações não chegarem instantaneamente aos centros de controle”
Foto: Divulgação Grupo IDEA/Micaela Marques

O gestor de inovação da São Martinho, Walter Maccheroni, explica que de nada adianta a geração de dados pelas máquinas em operação no campo, se essas informações não chegarem instantaneamente aos centros de controle. “É vital que o monitoramento dos equipamentos ocorra em tempo real. Se o gestor recebe um cartão de memória com os dados de uma operação que ocorreu 72 horas atrás, ele apenas contabilizará os prejuízos.”

A partir desse momento, a São Martinho iniciou uma série de conversas com as equipes do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a fim de criar uma rede de internet superpotente, trabalhando numa frequência exclusiva para a companhia. Por meio de telemetria, essa rede coleta dados de forma rápida e simplificada, transmitindo-os em tempo real para a Central de Operações Agrícolas (COA).

Por meio de torres instaladas em pontos estratégicos, os canaviais da Usina São Martinho coletam dados de forma rápida e simplificada, transmitindo-os em tempo real para a Central de Operações Agrícolas (COA)
Foto: Divulgação São Martinho

Atualmente, o projeto já cobre os 135 mil hectares da unidade da São Martinho em Pradópolis. Ao todo, seis torres trabalham com sinal 4G para a transmissão em alta velocidade de dados, vídeo e voz. A expectativa do Grupo é que, ao longo dos próximos dois anos, a tecnologia chegue também às outras três unidades da companhia: Iracema (Iracemápolis/SP), Santa Cruz (Américo Brasiliense/SP) e Boa Vista (Quirinópolis/GO).

Com uma geração massiva de dados, próximo passo da São Martinho é saber como trabalhá-los da melhor forma

Com uma conexão constante com a internet, independentemente de onde as máquinas estejam, é possível transmitir dados em tempo real para as centrais agrícolas. Para Walter Maccheroni, o desafio agora é entender como trabalhar essas informações corretamente. “Os dados chegam até nós em números estratosféricos. Temos agora que saber o que fazer com eles.”

Fonte: Divulgação São Martinho

Atualmente, a São Martinho opera junto a dezenas de parceiros, como startups e fabricantes de equipamentos, a fim de criar novas ferramentas com os dados obtidos. “Podemos, por exemplo, criar uma inteligência artificial que envie para o trator os melhores parâmetros para o preparo de uma área, baseada nas informações daquele talhão obtidas ao longo dos últimos anos. Ou também colocar um sensor nas colhedoras que indicará com 26 horas de antecedência que haverá a quebra de algum componente. Dessa forma, é possível se antecipar ao problema, consertá-lo durante uma troca de turno ou abastecimento, aumentando a disponibilidade da máquina.”

 

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