São Martinho vê safra de cana no centro-sul terminando mais cedo, em outubro
15-08-2018

A safra de cana 2018/19 no centro-sul do Brasil deve terminar mais cedo do que de costume, em outubro, com os preços do etanol no mercado doméstico reagindo após o encerramento da moagem, avaliou nesta terça-feira o diretor financeiro e de Relações com Investidores do Grupo São Martinho, Felipe Vicchiato.

"A safra deve acabar em meados de outubro, dado o tempo seco, e a quebra (de produção) deve ser superior ao estimado. A São Martinho não vê uma safra muito maior que 550 milhões de toneladas no centro-sul", destacou ele durante teleconferência com analistas sobre o resultado trimestral da companhia.

Principal região produtora de cana do mundo, o centro-sul do Brasil foi impactado pela estiagem entre abril e junho, período equivalente ao primeiro trimestre da atual temporada. Se por um lado a falta de chuvas contribuiu para o avanço da colheita, por outro afetou o rendimento agrícola dos canaviais, o que levou diversas consultorias a revisar para baixo suas projeções de processamento.

Conforme Vicchiato, o encerramento precoce da moagem resultará em uma entressafra mais longa, com os preços do etanol se valorizando já a partir de outubro. A empresa, que realizou vendas de etanol com preços de 1.727 reais por metro cúbico entre abril e junho, prevê no fechado da temporada vender a uma média de 1.830 a 1.850 reais por metro cúbico.

"Esperamos que esse preço fique nesse patamar nos próximos meses. O preço deve começar a melhorar quando acabar a safra, em meados de outubro", comentou o diretor do Grupo São Martinho, que adotou a estratégia de guardar estoques de etanol para vender no segundo semestre, quando as cotações começarem a reagir --mais de 60 por cento da produção deve ser comercializada nos próximos meses.

Tal estratégia, combinada com produção e preços menores de açúcar, levaram o lucro da companhia, que tem quatro usinas em São Paulo e Goiás, a cair 11 por cento no primeiro trimestre do ciclo.

Vicchiato disse que a companhia espera, a depender da performance, adotar uma política mais agressiva de dividendos no final da safra.

José Roberto Gomes