Scania lança na Europa motor de 13 litros movido por etanol
12-06-2018

Já foi a época que nós tínhamos carros, motos, ônibus e até caminhões abastecidos unicamente com álcool. A matriz energética única no mundo para atendimento de uma frota tão grande, fazia do Brasil outro universo, mas o tempo passou e a evolução chegou para quase tudo, menos para o combustível vegetal derivado da cana-de-açúcar, que apenas mudou de nome e agora é o popular etanol. Ainda distante do velho continente em volume, embora os EUA colham do milharal seu E95, a Europa começa a dar os primeiros passos em algo semelhante, o ED95.

O chamado bioetanol é o que moverá o motor Scania DC13-157, que tem seis cilindros em linha e foi originalmente desenvolvido para ser um propulsor diesel, mas agora a marca sueca atualizou-o com um novo sistema de injeção de combustível e componentes mais resistentes para suportar a corrosividade do álcool, mas também ganhou alterações nos pistões para aumentar a compressão, vital para que o etanol possa ter rendimento maior no caminhão nórdico. Mas, um item fundamental nisso tudo é a ignição.

Como o DC13-157 ainda é um motor de ciclo diesel, virtualmente é impossível detonar o etanol sem o uso de velas de ignição por centelha. Mas, como já foi provado pelos paulistanos e habitantes do Grande ABC, motor diesel pode sim usar álcool, desde que haja pelo menos 5% de um reagente ignitor, que permite ao combustível vegetal entrar em combustão por compressão, método básico que agora está sendo chamado de HCCI em futuros motores a gasolina.

Assim, o ED95 é constituído basicamente de 95% de etanol e 5% de aditivo para ignição por compressão. O exemplo dado acima, em referência à Grande São Paulo, é porque essa tecnologia foi testada em ônibus urbanos da região e da mesma forma com um motor diesel modificado para usar álcool. Na Europa, o combustível renovável está sendo considerado para muitas aplicações.

Num motor diesel como o DC13, ao ser abastecido com ED95, a emissão de CO2 é reduzida em até 90%, mas a média é 50% em relação ao diesel e 70% abaixo do limite do Euro 6 para particulados. Com 410 cavalos e 218,4 kgfm, o propulsor da Scania tem pleno funcionamento para as aplicações que foram determinadas à ele, geralmente urbanas ou em áreas de alta concentração de poluentes atmosféricos, ajudando assim na desaceleração da contaminação local.

Seu uso não alterou as principais capacidades do propulsor, muito menos em termos de manutenção, com a troca do óleo lubrificante sendo feita a cada 45.000 km e a limpeza dos bicos de injeção em intervalos de 90.000 km, por exemplo. Na Europa, nem todos os países da Comunidade Europeia possuem o ED95 disponível no mercado de combustíveis.