Se a tecnologia de MPB é tão boa, por que ainda não é utilizada em larga escala?
03-07-2018

Falta de crença ou de planejamento impedem o setor de produzir melhor

Assim como a Raízen e a Atvos, outras empresas sucroenergéticas como a São Martinho, Coruripe, Biosev, Alta Mogiana, Ferrari, Santa Fé e alguns produtores de cana já aderiram a tecnologia. Mas de acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Agronômico (IAC) e divulgada em março deste ano, menos de 7% da origem da muda para a formação de canavial comercial tem como origem a MPB.

Para o produtor Ismael Perina Jr essa constatação é absurda. “Era para todo mundo já estar adotando essa tecnologia. E é um sistema que pode ser adotado pela usina e por produtores de cana grande, médio ou pequeno, pois em áreas menores o plantio da muda pode ser realizado manualmente, com o uso de uma matraca. Não entendo o setor, quando vejo que mais de 60% ainda retira muda de cana de canavial comercial, parece que não aprendeu nada com os erros do passado recente, quando formamos canavial sem sanidade, com qualquer cana, disseminando pragas e doenças, derrubando a produtividade média de 90 toneladas por hectare para a casa de 60 toneladas e hoje, 10 anos depois, ainda penamos para se aproximar das 80 toneladas”, lamenta.

Quem também defende a adoção da MPB é Delson Palazzo, produtor de cana e soja em uma área de 500 hectares na região de Jaboticabal. Ele já conquistou o sonhado patamar da cana de 3 dígitos, sua média de produtividade e de 105 toneladas por hectare. Para isso, aposta em práticas inovadoras e tecnologias de ponta como o sistema Meiosi-MPB, no qual já alcança taxa de desdobra de 1x45. Sobre a baixa adesão do setor ao sistema MPB, Palazzo diz que talvez seja porque poucos acreditam na alta eficiência dessa tecnologia. “Os números são tão bons que o pessoal duvida. Mas podem acreditar, é uma ferramenta que permite grande ganho e pode ser adotado por todos”, afirma.

Já a explicação de Rodrigo Amoroso, da Raízen, para essa baixa adesão, é que o setor não está acostumado a planejar, os gestores são levados pelos humores do mercado, pelo caixa da empresa. Mais ou menos assim: ia renovar a área, mas não vai mais porque a produtividade melhorou um pouco, ou porque não tem dinheiro em caixa. “Para a adoção da MPB, principalmente associado à Meiosi, tudo precisa ser bem planejado e com antecedência. É preciso definir que área vai renovar, quais variedades vai plantar, fazer o pedido da muda para a biofábrica antes do corte da cana, entre outras definições. Então, para mim, a falta de planejamento é o principal entrave para que o setor não adote de vez a tecnologia de MPB de forma mais expressiva.”

Na edição 55 da CanaOnline trazemos vários exemplos de sucesso com o uso de MPB, para ajudar o setor a acreditar nos ganhos com a tecnologia e a incentivá-lo a planejar e, com isso, lucrar com o ritmo do sistema de muda pré-brotada.

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