Sebo bovino vira estrela do biocombustível no Brasil
21-01-2020

A pecuária, alvo de críticas ambientais, pode ficar mais ecológica no Brasil graças ao programa federal RenovaBio, lançado este mês pelo para incentivar o uso de combustíveis renováveis.

Sob o sistema de certificação ambiental do programa, o combustível produzido a partir de gordura animal lidera, superando um rival bem maior, o etanol feito da cana-de-açúcar.
A nota ambiental para as usinas de biodiesel feito de sebo bovino é até 20% superior à do etanol de cana, de acordo com dados de usinas certificadas divulgados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O esquema dá um verniz verde a frigoríficos como a JBS (BEEF3).

“A matéria-prima é a chave para a nota ambiental porque a gordura animal é um resíduo”, disse Alexandre Pereira, diretor da JBS Biodiesel, em entrevista por telefone.

A JBS opera duas plantas no país que produzem combustível a partir do sebo bovino.

Outra unidade está sendo construída em Santa Catarina, que utilizará gordura de frango e porco produzida na subsidiária Seara.
Uma unidade da JBS foi certificada pelo RenovaBio. A empresa também possui instalações similares nos EUA e Canadá.

A unidade certificada, localizada em Lins, no oeste paulista, precisa produzir 408 litros de biodiesel para obter um crédito de descarbonização, explicou Felipe Bottini, sócio fundador da certificadora Green Domus.

As usinas de etanol de cana certificadas até agora precisam de aproximadamente 776 litros por crédito, segundo ele.

Ainda assim, é preciso compreender os benefícios ambientais do biocombustível de gordura animal em termos relativos, alertou Bottini. A metodologia de classificação do Renovabio para biodiesel de óleo de soja e etanol de cana rastreia toda a cadeia de suprimentos, começando com o uso da terra e o processo de cultivo.

Por outro lado, o sistema para a gordura animal começa com o transporte do abatedouro até a usina de biodiesel, de maneira semelhante à maioria das certificações ambientais internacionais.

“O que acontece antes disso no ciclo da pecuária não é considerado, incluindo as emissões de metano a partir da digestão ou qualquer questão do desmatamento” associado a pastagens, segundo Bottini.

 

Fonte: Bloomberg