Seca no campo reduz nível de emprego
17-09-2014

A falta de chuvas recorde de 2014, que tem prejudicado as atividades agrícolas, contribuiu para piorar a geração de empregos na região de Ribeirão Preto nos últimos 12 meses.

Dados do Ministério do Trabalho e Emprego mostram que, dos 40 municípios mais populosos, 19 acumulam deficit de postos de trabalho entre setembro de 2013 e agosto deste ano.

No período anterior -de setembro de 2012 a agosto de 2013-, eram nove os municípios que registravam saldo negativo (diferença entre admissões e desligamentos).

A pior situação foi verificada em Pontal, que tem deficit de 1.824 vagas. Segundo o presidente da associação comercial, Marcos Pala, que também é secretário da Administração, uma usina de açúcar e etanol da cidade está em recuperação judicial, o que causou demissões.

Outras duas usinas, porém, também deixaram de contratar, porque a moagem de cana está menor nesta safra devido à seca, contribuindo para a queda no número de postos de trabalho.

Pala disse que a crise gera uma reação em cadeia, afetando o comércio. "Os comerciantes vendem menos [e, por consequência, acabam demitindo]", afirmou.

Em Sertãozinho, o deficit foi de 1.490 empregos -a cidade tem a economia centrada no fornecimento de máquinas e equipamentos para o setor sucroenergético.

Além da crise no setor, a baixa produtividade nas lavouras por causa da longa estiagem deve causar quebra da safra de 11,7% em São Paulo, segundo a Unica (entidade que representa as usinas).

"A seca ajuda a agravar um problema de falta de políticas públicas para o setor", disse Antonio Eduardo Tonielo Filho, presidente do Ceise-BR (centro das indústrias do setor sucroenergético).

A seca também prejudicou a criação de emprego nas cidades onde a economia tem como foco a laranja, como em Matão, que tem duas grandes indústrias, e em Bebedouro, em que a lavoura ocupa grande área no município.

William Bassi, secretário do Planejamento e Desenvolvimento de Matão, que registrou deficit de 235 postos de trabalho nos últimos 12 meses, diz que as plantações de laranja produziram menos.

"Com pouca fruta sendo produzida, as indústrias processam uma quantidade menor. Com produção menor, as fábricas não abrem vagas."

Marco Antonio dos Santos, presidente da Câmara de Citricultura do Ministério da Agricultura, afirmou que a estiagem prejudica o desenvolvimento dos pés de laranja.

"A fruta murcha, fica mais azeda [por causa da falta de água]. Isso faz com que os produtores colham menos em virtude do menor interesse da indústria, não havendo contratações de pessoas para colher a fruta no pé", disse.

Franca foi a cidade que registrou o maior fechamento de vagas, mas, neste caso, devido à crise calçadista.

Entidades dizem atravessar a pior crise do setor e preveem 5.000 demissões até o fim do ano. A crise, segundo elas, é gerada pela falta de competitividade, alta na inflação, "custo Brasil" e a desaceleração do consumo no mercado interno.