Sem biomassa, usinas de mt recorrem a eucalipto para geração de energia
03-07-2018

Os investimentos em curso para produzir etanol à base de milho em Mato Grosso provocarão uma expansão de outra cultura, ainda rara no Estado: o eucalipto. A árvore, que transformou as paisagens do Sudeste por causa da demanda por celulose, deve começar a ocupar áreas próximas às novas unidades industriais para servir de matéria-prima na geração de energia elétrica dessas unidades.

As usinas que produzem etanol da cana usam o bagaço para gerar energia, que faz rodar as fábricas e as tornam autossuficientes. Já as de etanol de milho não têm biomassa capaz de servir de matéria-prima para cogeração. Logo, a saída dessas usinas é comprar biomassa de eucalipto para abastecer as caldeiras a vapor, que geram energia para a produção de biocombustível.

Mas Mato Grosso hoje está longe de ser uma potência em floresta de eucalipto. O dado mais recente do IBGE indica que o Estado tinha 192 mil hectares plantados com a árvore em 2016, o que o colocava em 11º lugar no ranking de florestas de eucalipto do país.

A cultura está concentrada no sul do Estado – onde se instalou o parque industrial de celulose -, enquanto a maior parte das novas usinas serão erguidas no norte, diz Ricardo Tomczik, presidente da União Nacional de Etanol de Milho (Unem). E, para ser economicamente viável, a área de eucalipto não deve estar a uma distância da usina muito maior que 150 quilômetros, segundo Rafael Abud, diretor financeiro da FS Bioenergia.

"Vamos ter necessariamente um aumento de plantio de eucalipto para atender esses projetos. E com plantio muitas vezes dedicada a uma usina", acredita Tomczik. Ele estima que cada 1 milhão de toneladas de milho processadas demande 10 mil hectares de eucalipto para a cogeração. Isso significa que quando todas as usinas estiverem operando a plena capacidade, de 7,5 milhões de toneladas, serão necessários mais 70 mil hectares de eucalipto no norte do Estado.

A FS Bioenergia, que está ampliando sua capacidade na usina de Lucas do Rio Verde e em breve irá erguer sua segunda unidade em Sorriso, fornece assistência técnica a fazendeiros da região e financia parte do plantio de eucalipto para garantir 30 mil hectares que, no futuro, abastecerão suas duas unidades. Até agora, foram plantados dois mil hectares.
Segundo Abud, a região que será ocupada pelo eucalipto é de áreas marginais de grãos, que não produzem a safrinha de milho no inverno. Já Tomczik aposta em uma expansão do eucalipto sobre áreas de pastagens.

Por Camila Souza Ramos