Seminário do Grupo IDEA discutiu em Ribeirão Preto os temas mais atuais da mecanização em cana-de-açúcar
31-03-2015

Para um público de 700 pessoas, o 17º Seminário de Mecanização e Produção de Cana-de-Açúcar abordou as questões mais atuais da área de mecanização, como espaçamentos duplos combinados, aproveitamento da biomassa, controle de tráfego e lei da balança

O conhecimento, a tecnologia e a troca de experiências são ferramentas fundamentais para se combater a crise que atinge o setor sucroenergético, principalmente quando o objetivo é ganhar em produtividade, reduzir custos e aumentar a eficiência. Esta é a visão dos cerca de 700 profissionais da agroindústria da cana-de-açúcar que não mediram esforços para participarem do 17º Seminário de Mecanização e Produção de Cana-de-açúcar do Grupo IDEA.
Mais tradicional evento voltado à mecanização canavieira do mundo, o Seminário de Mecanização sempre aborda, com informações técnicas e casos de sucesso, os temas mais atuais relacionados à produção de cana-de-açúcar. O evento deste ano foi dividido em três painéis: 1) transporte, manutenção e novas tecnologias; 2) plantio e colheita mecanizados, e uso e conservação do solo; e 3) aproveitamento da palha e análise de espaçamentos combinados.
Promovido nos dias 25 e 26 de março, em Ribeirão Preto, o seminário teve palestrantes de alto gabarito, que atuam em usinas, consultorias especializadas e fabricantes de equipamentos e tecnologias. Inclusive, contou na coordenação dos painéis com os consultores Luiz Nitsch e Luiz Antonio Bellini, e o gerente agrícola do Grupo USJ, Humberto Carrara, os quais são três dos especialistas mais reconhecidos em mecanização da cana-de-açúcar e com grande contribuição ao GMEC (Grupo de Motomecanização do Setor Sucroenergético).

DO PLANTIO À COLHEITA - O Seminário de Mecanização começou abordando as novidades relacionadas a um grande problema que tem atingido o setor sucroenergético, principalmente em Minas Gerais: a Lei da Balança. Assunto que foi tratado pelo presidente da Siamig (Associação da Indústria de Açúcar e Etanol de Minas Gerais), Mário Campos. Ele salientou que a Lei permite que os rodotrens carreguem até 103 toneladas. "É difícil se adequar a essas normas, o que acarreta multas para as usinas", disse Campos, que apresentou alguns estudos relacionados ao tema.
No primeiro dia de evento, foram abordadas várias questões de grande interesse do setor, como o gerenciamento do uso de pneus, a viabilidade de se utilizar aditivos para combustíveis, a adoção de conceitos modernos de manutenção automotiva e o micro-terraceamento como método de planejamento para conservação do solo e otimização da colheita mecanizada.
Novos equipamentos e tecnologias também foram apresentados durante o seminário, como pulverizadores autopropelidos, novos métodos de correção de solo relacionados ao preparo profundo, tecnologias de integração de sistemas de piloto automático, e uma pá-carregadeira de alta capacidade que aplica sistema de eficiência energética que reduz custos operacionais.
Também foi tema do Seminário uma das áreas da mecanização canavieira que mais precisa de avanços: o plantio mecanizado. Foram apresentados os resultados de uma plantadora automatizada que já está operando em várias usinas do Centro-Sul do país com resultados muito satisfatórios. Tanto do ponto de vista da redução de mudas consumidas, como da qualidade do plantio realizado e da diminuição do número de operadores.
A colheita mecanizada foi o último tema abordado no primeiro dia do evento. A diretora agrícola da Biosev, Tereza Cristina Peixoto, apresentou uma análise crítica de perdas e ganhos na colheita mecanizada. Na sequência, os dois maiores fabricantes de colhedora de cana apresentaram suas tecnologias voltadas à colheita da cana-de-açúcar. Marco Rípoli, da John Deere, falou sobre soluções para controle de tráfego em cana-de-açúcar, o que é um grande problema enfrentado pelo produtor de cana desde que houve o crescimento da mecanização da colheita. Já Fábio Balaban, da Case IH, apresentou um conjunto de soluções tecnológicas desenvolvidas para o produtor rural obter o melhor aproveitamento energético e produtivo dos equipamentos, o Efficient Power. Ao final, os dois palestrantes participaram de um debate sobre colheita mecanizada.

APROVEITAMENTO DA PALHA E ESPAÇAMENTOS COMBINADOS
No segundo dia do Seminário deste ano, o tema mais abordado foi o recolhimento da palha e o seu aproveitamento na indústria. Uma questão que tem ganhado cada vez mais relevância para o setor, uma vez que a geração de energia elétrica tem se tornado um produto importante para as usinas, fora a possibilidade de outras aplicações para a palha, como a produção de etanol de segunda geração.
Voltadas a este assunto, foram apresentadas palestras sobre reflexos do uso da palha na indústria, procedimentos operacionais para o recolhimento deste material na lavoura, destacando tecnologias possíveis, rendimento e custos, além de uma visão completa do ciclo da palha na usina.
O evento foi encerrado com a discussão de um tema que tem gerado bastante debate entre os produtores de cana-de-açúcar: os prós e contras dos espaçamentos duplos combinados no plantio da cultura. Assunto que foi abordado com bastante profundidade e riqueza de dados pelo diretor agrícola do Grupo Clealco, Cássio Manin Paggiaro.
“No seminário deste ano, tivemos a discussão de temas muito atuais, com a apresentação de novidades e do resultado de diferentes tecnologias. Questões que ganham cada vez mais relevo para o setor foram abordadas, como o aproveitamento da palha e uma discussão sobre espaçamentos de plantio”, frisou Dib Nunes, diretor do Grupo IDEA.
“Apesar da crise do setor, o produtor busca saídas, alternativas. Se o governo não ajuda, temos que fazer a nossa parte. E é com a soma de várias mudanças que o setor vai atingir a viabilidade que precisa. Mas para isso os profissionais precisam se atualizar, buscar novas tecnologias, compartilhar conhecimentos”, relata o diretor do Grupo IDEA.

BALANÇO POSITIVO
A avaliação dos participantes do 17º Seminário de Mecanização e Produção de Cana-de-açúcar foi muito positiva sobre o evento. “É um encontro muito técnico, que traz informação e permite termos contato com o produtor que adota a tecnologia e faz questão de compartilhar sua experiência. Por isso, é um evento muito proveitoso para o meu dia a dia”, elogia Ayres Pucineli, gerente comercial da Alpha Pneus, de Ribeirão Preto. Segundo ele, o seminário também permite fazer networking e rever profissionais e clientes.
No evento deste ano, dois temas chamaram mais a atenção de Ayres: a discussão sobre a colheita da palha na lavoura e o seu aproveitamento na indústria, o que exige a devida adequação por parte do setor, e a discussão sobre espaçamentos duplos combinados.
Para o engenheiro agrônomo José Renato Donadon, da AGCO Ribeirão Preto, foi valiosa a sua participação no evento. “Neste ano, pudemos notar durante o seminário que muitas empresas apresentaram suas tecnologias de uma maneira mais eficaz. Sou a favor dos trabalhos acadêmicos que são realizados junto com as usinas e que podem posteriormente ser divulgados para o público.”
O Seminário de Mecanização é um evento importante para reciclagem e busca de novas informações também para Luiz Alberto Bortoletto, gerente agrícola da Usina Santo Ângelo, que está trabalhando ao lado de sua equipe, que esteve presente no seminário, para atingir a marca de três dígitos de produtividade agrícola na safra 2015/16.
Um produtor de cana-de-açúcar que sempre marca presença nos seminários de Mecanização do Grupo IDEA, a fim de se atualizar e participar das diferentes discussões, é Paulo Roberto Artioli, produtor de cana e diretor agrícola da Tecnocana, de Lençóis Paulista. Para ele, "a mecanização canavieira evoluiu, mas ainda tem muito a melhorar”.


Veja mais notícias na Revista CanaOnline, visualize no site ou baixe grátis o aplicativo para tablets e smartphones – www.canaonline.com.br.