Sérgio Salles-Filho, coordenador do Nagise, participa da 3ª Conferência Datagro Ceise BR
27-08-2014

Alexandre Carolo, de Sertãozinho

O coordenador do Núcleo de Apoio à Gestão da Inovação para a Sustentabilidade no Setor Sucroenergético (Nagise) da Universidade de Campinas (Unicamp), Sérgio Salles-Filho, participou do Painel III da 3ª Conferência Datagro Ceise Br, que terminou no final da manhã de ontem, no Espaço de Conferências da Fenasucro 2014, em Sertãozinho, SP. Em sua palestra, o professor titular do Departamento de Política Científica e Tecnológica do Instituto de Geociências da Unicamp abordou o tema Planejamento da Inovação, Conquistas, Preservação e Avanços Possíveis.

De acordo com Salles, ações inovadoras organizadas pelas próprias empresas podem ser um remédio eficaz para ajudar o setor a sair da crise, uma vez que as políticas para o etanol no Brasil são contraditórias. Ele destaca que o governo tem um discurso de incentivo à produção do biocombustível, no entanto, não oferece mecanismos que permitam o retorno financeiro do ciclo industrial canavieiro e o desenvolvimento do etanol. O coordenador afirma que a política de controle de preços da gasolina é um dos principais fatores que prejudicam o setor.

Diante deste cenário, Salles afirma que as empresas do setor não podem esperar que o apoio do governo resolva todos os problemas. Segundo ele, as empresas devem buscar competitividade, com a criação de novos ambientes corporativos, modelos mais avançados de negócios, além de investimentos em tecnologias de última geração. Salles destaca o exemplo dos projetos de etanol 2G (segunda geração), biocombustível produzido a partir da celulose (palha e bagaço) da cana, o que amplia sua produtividade.

Pelo menos quatro projetos para produção de etanol 2G em escala comercial foram anunciados para início das operações em 2014. No entanto, apesar do domínio da tecnologia, tais projetos enfrentam as dificuldades impostas pela política de controle de preços da gasolina, além da falta de incentivos do governo, o que inviabiliza neste momento a produção desta nova geração do etanol. Apesar dessa dificuldade, Salles afirma que o etanol 2G ainda pode revolucionar o setor sucroenergético do Brasil.

O Nagise, criado em 2012, atua no desenvolvimento de competências e gestão da inovação para auxiliar no ganho de competitividade do setor sucroenergético. O programa integra o conjunto de iniciativas do MCTI, Finep e CNI para formação de competências em gestão da inovação no Brasil. O Núcleo é composto por uma rede de profissionais de várias organizações no País. No biênio 2013/14 capacitou mais de 80 profissionais de mais de 40 empresas e unidades produtivas do setor e produziu diagnósticos e planos de inovação e gestão da inovação das organizações participantes.

O Núcleo coordenado pela Unicamp conta com a participação da Embrapa Agroenergia, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), da Universidade Federal de Pernambuco, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP) e da Unica (União da Indústria de Cana de Açúcar).