Setor entra em pânico com a ferrugem alaranjada e erradica canavial
12-08-2015

Entre as variedades mais suscetíveis à ferrugem alaranjada está a SP 81-3250. Quando a doença surgiu em 2009, essa variedade era uma das mais cultivadas no interior paulista, por isso, deixou muita gente em pânico, a ponto de erradicar canaviais com 3250 e eliminá-la do plantel varietal.

Mas, para José Otávio Menten, professor associado da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ)/Universidade de São Paulo (USP), essa atitude radical não precisa acontecer, o setor de cana poderia fazer como outras culturas, adotar o controle químico.

Mentem explica que existem cerca de 40 diferentes medidas que podem ser utilizadas, simultaneamente ou em sequência, para se reduzir os danos causados pelas doenças. Medidas essas que podem ser incluídas em métodos genéticos, biológicos, culturais, físicos e químicos. “Porém, a maior parte delas é preventiva, já que depois que uma doença se estabelece, o principal método de controle é o químico, baseado, principalmente, na utilização de fungicidas”.


Na maioria das culturas, como feijão, arroz, trigo, batata, tomate e citrus, a forma de controle mais utilizada no combate às doenças é a química, devido a sua eficiência e praticidade. Porém, no caso da cana-de-açúcar, o cenário é um pouco diferente: as enfermidades são manejadas, principalmente, empregando-se variedades resistentes, obtidas através dos programas de melhoramento genético. São utilizadas, também, mudas sadias ou adequadamente tratadas, roguing e cultivo em áreas favoráveis.

O professor salienta, que apenas esses procedimentos não são suficientes para garantir o cultivo satisfatório da cultura no Brasil. “É importante que se crie a tradição ou costume de se utilizar fungicidas foliares em cana-de-açúcar. Em outras culturas, como soja, milho e algodão, a aplicação de fungicidas, que há 15, 20 anos era muito pouco utilizada, atualmente é uma prática já incorporada no processo produtivo, com amplos benefícios para o produtor”.

Ao adotar a medida de erradicar a variedade, o setor pode abrir mão de plantas mais suscetíveis a ocorrência de doenças, porém apresentam boas características agronômicas, como produtividade, bom desenvolvimento em áreas com limitações edafoclimáticas e resistência as pragas. “É importante lembrar que o trabalho de seleção de uma nova variedade em cana leva cerca de 15 anos. Em casos como estes, é interessante lançar mão de outras medidas de manejo que impeçam que a doença atinja altos níveis de dano econômico e que permitam que estas variedades continuem sendo utilizadas”, observa o professor.

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