Setor integra coalizão internacional de precificação do carbono
16-08-2017

Considerado um dos mais eficientes mecanismos de combate ao aquecimento global, a precificação do carbono é um sistema cada vez mais adotado por países que precisam reduzir emissões de poluentes e um tema recorrente em fóruns internacionais sobre mudanças climáticas.

Com o ingresso da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) no Carbon Pricing Leadership Coalition (CPLC), iniciativa do Banco Mundial que fomenta o diálogo público-privado em favor da precificação, o setor sucroenergético brasileiro, produtor do biocombustível mais avançado do mundo, estará inserido neste debate. O CPLC possui mais de 25 parceiros governamentais, 150 no setor privado e diversas entidades ligadas a ONGs, empresas e universidades.

A presidente da UNICA, Elizabeth Farina, comenta esta filiação: “Um mecanismo sustentável de preços de carbono deve envolver um esforço multisetorial, com uma dimensão global, e apoiado por uma instituição reconhecida como o Banco Mundial. É imprescindível a participação da indústria canavieira no CPLC considerando que o Brasil produz, de forma sustentável, o único combustível renovável capaz de reduzir em até 90% as emissões de gases de efeito estufa se comparado a gasolina”.

Utilizando apenas 1% das terras agricultáveis do País, o segmento canavieiro produziu mais de 27 bilhões de litros de etanol em 2016. Atualmente, o biocombustível é utilizado por mais de 26 milhões de carros flex fabricados por 19 montadoras. São 600 versões de dezenas de modelos que já representam 70% dos veículos leves em circulação. Considerando o período de maio de 2003 a agosto de 2016, o consumo de etanol em automóveis de passeio, seja na forma de combustível hidratado (direto na bomba) ou anidro (misturado em até 27% à gasolina), evitou que 370 milhões de toneladas de CO2 fossem lançadas na atmosfera.

De acordo com o diretor Executivo da UNICA, Eduardo Leão de Sousa, este diferencial ambiental, somado a outros benefícios socioeconômicos proporcionados pela produção de cana e seus derivados, como a geração de quase 1 milhão de empregos e renda direta em mais de 1.000 municípios brasileiros, credenciam a participação do setor sucroenergético no crescente mercado de carbono.

“Um mecanismo de precificação do carbono representa um instrumento da maior importância para a indústria da cana, uma vez que ‘remunera’ as externalidades positivas da sua produção que não são naturalmente precificadas pelo mercado. Isso normalmente ocorre, por meio de duas formas, a taxação sobre fontes poluentes, ou a comercialização de créditos gerados por práticas sustentáveis na fabricação dos derivados sucroenergéticos”, afirma o diretor da UNICA, Eduardo Leão de Sousa.

O executivo pondera que embora o mecanismo necessite de um período de maturação para ser implementado em grande escala no Brasil, é preciso dar os primeiros passos e se integrar a iniciativas que fomentem esta discussão, tanto no plano internacional quanto no doméstico.

“Embora o etanol seja uma solução regional, a questão das emissões de gases de efeito estufa é um problema global. Desta forma, quando você reúne atores de diversos países, como é o caso do Carbon Pricing, é possível obter resultados bem mais efetivos e que podem dar suporte a programas nacionais de estímulo às energias limpas, como é o caso do RenovaBio, por exemplo”, enfatiza Eduardo Leão.

Em fase final de discussões na Casa Civil, o RenovaBio, lançado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) com o objetivo de expandir a utilização de biocombustíveis no Brasil para honrar as metas assumidas no Acordo do Clima, deverá ser encaminhado ao Congresso, sob a forma de Medida Provisória, nas próximas semanas.