Setor prevê ano com etanol mais caro depois de crise e seca
22-05-2014

 A crise nas usinas e a estiagem que reduziu a previsão da safra de cana-de-açúcar devem manter o preço do etanol próximo ao "teto" de 70% do valor do litro da gasolina.

A análise é de fontes do setor, que apontam a redução da oferta de etanol e o aumento da demanda, com o crescimento da frota flex, como os principais motivos.

"É de se esperar que neste ano a paridade [do preço do álcool em relação à gasolina] fique mais próxima dos 70%", afirmou o sócio da consultoria FGAgro Willian Urzari Hernandes.

A Unica (entidades das usinas) previu uma redução de 2,84% na safra atual em relação à anterior. Além disso, ao menos dez usinas deixaram de operar nesta safra.

Além da redução, também é esperado que o preço do etanol volte a subir antes do início da entressafra, quando tradicionalmente diminui a oferta de cana.

"Mesmo que agora o preço fique abaixo de 65% [da gasolina], ele pode voltar a subir em novembro, em vez de janeiro [como normalmente ocorre]", afirmou o presidente da UDOP (União dos Produtores de Bioenergia), Celso Torquato Junqueira Franco.

Em Ribeirão Preto, o preço do etanol alcançou na última semana o patamar de 66% do valor da gasolina, a R$ 1,967, após as distribuidoras e os postos repassarem ao consumidor a queda de R$ 0,20 no valor cobrado pelas usinas.

Em São Paulo, levantamento da ANP (Agência Nacional de Petróleo) mostrou que o preço médio do etanol está em R$ 2, o que corresponde a 69% do valor do litro da gasolina.

Entre 17 de abril e a última sexta-feira (16), o preço do etanol nas usinas de São Paulo caiu R$ 0,23, de acordo com o indicador Cepea/Esalq.

Essa redução ainda não foi repassada aos consumidores paulistas, já que os preços caíram, em média, somente R$ 0,03 nos postos.

A pesquisadora do Cepea Ivelise Bragato afirmou que é comum um período de até quatro semanas até que a queda do preço chegue às bombas dos postos.

Isso porque as distribuidoras trabalham com estoques adquiridos com outra cotações de preços.

Franco, da UDOP, afirmou que o controle do preço da gasolina pelo governo federal impede o investimento na ampliação da produção de etanol.

Felipe Amorim