Setor sucroenergético já tem 46 usinas com selo energia verde - Por Zilmar José de Souza
01-10-2015

Recente pesquisa da CNI - Confederação Nacional da Indústria, com cem empresas de médio e grande porte, divulgada em 3 de setembro, mostrou que dois terços das empresas brasileiras já adotaram, em algum momento, ações que resultaram na queda das emissões de dióxido de carbono (CO2). Segundo a pesquisa, 75% das empresas brasileiras aumentaram a atenção em relação aos efeitos das mudanças climáticas nos últimos cinco anos, em razão, principalmente, da maior conscientização (46,7%), da pressão global (18,7%) e de as informações sobre o tema estarem mais disseminadas (17,3%).
Esse movimento a favor da sustentabilidade ambiental não é privilégio local e tem se refletido também na produção e consumo de energia elétrica a nível mundial. Em 2014, de acordo com dados provisórios divulgados recentemente pela AIE (Agência Internacional de Energia), a produção de energia elétrica nos 34 membros da OCDE foi de 10.712 TWh, representando um decréscimo de 0,8% ou 86 TWh em comparação a 2013, mas com o aumento da participação das energias renováveis não hídricas, que tiveram um crescimento de 8,5% em relação a 2013.
Diante de um cenário irreversível de valorização de ações que demonstram o consumo responsável pelas empresas produtoras de bens e serviços, são bem-vindas iniciativas como o Programa de Certificação de Bioeletricidade, lançado em janeiro de 2015 pela UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), em cooperação com a CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica). Participar do programa, cumprindo suas diretrizes, resulta na emissão de um Selo Energia Verde focado estritamente na produção e consumo de energia produzida a partir da biomassa da cana-de-açúcar.
Segundo as diretrizes do Programa, a usina produtora de bioeletricidade deve ser associada à UNICA e participante do Protocolo Agroambiental do Setor Sucroalcooleiro Paulista (ou declarar atender a critérios semelhantes ao protocolo agroambiental paulista, se a unidade se localizar fora do Estado de São Paulo). Se a unidade produtora de bioeletricidade for exportadora de energia para a rede, adicionalmente deverá estar adimplente junto à CCEE e promover a geração de bioeletricidade conforme determinados critérios de eficiência energética.
Obtendo o Selo Energia Verde, os consumidores no mercado livre de energia elétrica que adquirirem a bioeletricidade da usina certificada poderão também, dentro das diretrizes do programa, requerer o Selo Energia Verde relacionado à energia adquirida. O Selo Energia Verde é fornecido pela UNICA sem custo financeiro tanto para os consumidores no mercado livre de energia elétrica quanto para os produtores de bioeletricidade.
Atualmente, um total de 46 usinas sucroenergéticas que produzem energia elétrica (bioeletricidade) para consumo próprio e para o SIN (Sistema Elétrico Nacional) já possui o Selo Energia Verde. O total de energia que será fornecida em 2015 para o SIN pelas 46 usinas detentoras do Selo Energia Verde é equivalente para abastecer 3,5 milhões de residências pelo ano inteiro ou para evitar a emissão de três milhões de toneladas de CO2, tomando por referência o fator de emissão da linha de base do ano passado. Para atingir a mesma economia de CO2, por meio do plantio de árvores nativas, ao longo de 20 anos, seria preciso plantar 22 milhões de árvores nativas.
Iniciativa como a do Selo Energia Verde da bioeletricidade ajuda o setor sucroenergético mostrar à sociedade sua incrível sustentabilidade no quesito ambiental e, ao mesmo tempo, é uma oportunidade para o consumidor no mercado livre de energia elétrica, preocupado com o consumo responsável, contribuir para manter a nossa matriz energética sustentável.
A bioeletricidade é um dos pilares do setor sucroenergético no quesito de sustentabilidade energética e ambiental. No fim deste ano, ocorrerá a 21ª Conferência do Clima (COP 21), em Paris, quando o mundo tentará elaborar um novo acordo entre os países para diminuir a emissão de gases de efeito estufa e, certamente, o setor sucroenergético brasileiro e seus produtos podem ser mostrados como exemplos tupiniquins de sucesso no quesito da sustentabilidade ambiental.
Artigo publicado originalmente na Revista Canavieiros, edição de setembro de 2015.