Solução incorporada
27-06-2014


Unidades resgatam o Pré-Plantio Incorporado para reduzir incidência de plantas daninhas nos canaviais

Clivonei Roberto
Uma técnica antiga não só em cana-de-açúcar, como em outras culturas agrícolas, vem sendo novamente praticada como ferramenta para o combate a plantas daninhas nos canaviais. Trata-se do PPI (Pré-Plantio Incorporado), tecnologia de aplicação de herbicida que pode ajudar a reduzir a incidência de invasoras em áreas do canavial.
Algumas unidades de açúcar e etanol vêm adotando a prática para ajudar no combate às ervas indesejadas, como a Usina Ester, localizada em Cosmópolis, SP. Segundo Lucas Tanajura, coordenador de produção agrícola da empresa, com o advento da colheita mecanizada, hoje a quantidade e a qualidade das plantas daninhas foram alteradas. Por isso, o desafio é buscar novas soluções para combatê-las - ou adaptar técnicas do passado, como o Pré-Plantio Incorporado.
Segundo Tanajura, o PPI era utilizado pela maioria das usinas apenas para a aplicação da trifluralina – molécula mais indicada para o controle de gramíneas. Apesar disso, a equipe da Usina Ester enxergou no PPI uma ferramenta interessante para combater toda a gama de daninhas incidente na lavoura. “Mas identificamos a necessidade de usar não somente a trifluralina, mas também outras moléculas para auxiliar no combate e minimizar o banco de sementeiras na infestação de plantas indesejadas.”
Para iniciar o trabalho de controle em determinada área, ele explica que o departamento agrícola da usina faz levantamento no momento da reforma, já conhecendo o histórico da matologia da propriedade. “Temos capacidade de direcionar e fazer a recomendação de cada produto conforme o alvo que queremos combater. Hoje temos na Ester uma preocupação especial com infestações de manona, de mucuna e merremia, mas as gramíneas ainda continuam, como colonião e braquiária. Com isso, mapeando e identificando quais são as ervas que já tenho na área, vou escolher a melhor molécula e a melhor forma de controle.”
A partir do raio-x da matologia da área e da definição técnica dos produtos indicados, o PPI pode ser utilizado como ferramenta de controle. Nesse caso, se utiliza uma niveladora equipada com um tanque para a realização da aplicação do produto de maneira incorporada ao solo. “Aí ganho uma operação.”

RESULTADOS - Segundo Tanajura, o índice de eficiência no controle de emergência das plantas daninhas após a aplicação do PPI é muito positivo. “Começamos um trabalho mais agressivo em 2013. Não montamos campo de experimentação ainda, mas campos de observação. Nessas áreas, conseguimos um controle satisfatório, eficiente”, diz ele, lembrando que a técnica permite ainda atrasar um pouco a entrada com herbicida pós-plantio por conseguir um residual maior.
O resultado é que a tecnologia suprime o banco de sementeiras e de tubérculos, havendo redução na necessidade de mão de obra futuramente para fazer repasse ou catação. “É ferramenta que ajuda no controle de custos e no aumento de produtividade, uma vez que as intervenções realizadas através de trabalhadores rurais, como repasses com químicos e capinas, têm sido cada vez mais onerosas em função dos custos trabalhistas e da escassez deste trabalhador, que vem especializando cada vez mais em outras funções.”
“Como é área de plantio e nosso objetivo é colher mais de cinco cortes, pensamos em partir com a lavoura limpa desde a sua implantação. A proposta é investir um pouco mais na adição de um produto, de um herbicida a mais no PPI, de forma que possa ficar mais tranquilo, com menor sementeira, e menos tubérculos em determinada área”, relata Tanajura.
Ele enfatiza que métodos como esse são interessantes principalmente porque a matologia nesse novo ambiente de produção, de cana crua, tem mudado muito. “Hoje temos muito mais problema em cima de folhas largas, principalmente mamona, mucuna, merremia, corda de viola, do que com gramíneas.”
As folhas largas são as que mais se adaptam ao ambiente de palha. Mas, além disso, até mesmo o processo de mecanização em si favorece a disseminação de plantas daninhas na fazenda. “A partir do momento que tem mancha isolada de daninhas no talhão de cana, e a colhedora passa por ali, a máquina colhe a semente da erva e, através do próprio extrator secundário, dissemina essas sementes por todo o resto do talhão.” Por isso, é tão importante a limpeza da colhedora e de todos os outros implementos, que também podem ajudar a disseminar as ervas pela propriedade.

INVESTIMENTO NA FUNDAÇÃO DO CANAVIAL - A modalidade PPI vem ganhando espaço nos últimos anos com excelentes resultados na redução de banco de sementes. É utilizada em áreas de expansão, reforma com alta pressão de plantas daninhas, em áreas com ervas de difícil controle.
O consultor Weber Valério defende a utilização da tecnologia. “A modalidade não deve ser considerada como aumento de custo, e sim como investimento na fundação do canavial. Vale ressaltar que esse investimento permite redução de custos nos tratos cana-planta e cortes subsequentes.”
Valério enumera alguns argumentos para a aplicação do Pré-Plantio Incorporado em cana-de-açúcar:
• redução do banco de sementes, rizomas e tubérculos na fundação do canavial e consequentemente alívio de pressão nos cortes subsequentes;
• flora diversificada e complexa, adaptada à palhada;
• redução de mão de obra (escassa, altos custos e pressão da legislação vigente);
• fracionamento de doses – seletividade;
• expansões, normalmente em pastagens, além da complexidade da flora (adaptada à palhada).


PRÉ-PLANTIO - Tanajura lembra que, em áreas muito infestadas, o produtor também pode utilizar outra ferramenta: adicionar uma molécula conforme a indicação e a necessidade de combate, aplicada pela tecnologia de Pré-Plantio (PP). “Quando vai fazer uma dessecação, junto com o glifosato, pode-se também adicionar outro produto, pensanterminadas áreas.