Sonho realizado: com a colhedora de duas linhas, o setor pode controlar o tráfego de máquinas sobre o canavial
31-08-2023

 A CH950 cria um “canteiro” ou “pista de tráfego” no canavial, que resulta em uma redução de 60% da área compactada. Foto: Leonardo Ruiz
A CH950 cria um “canteiro” ou “pista de tráfego” no canavial, que resulta em uma redução de 60% da área compactada. Foto: Leonardo Ruiz

A menor compactação do solo é uma grande vantagem, mas a CH950 oferece mais possibilidades, como mudanças no espaçamento e aumento na geração de CBIOs

 

Por Leonardo Ruiz

A colheita de duas linhas de cana-de-açúcar é uma realidade. A CH950, da John Deere, faz bonito nos canaviais brasileiros. Entrando em sua quarta safra em operação, a máquina entrega amplos benefícios agronômicos e em rentabilidade para o setor bioenergético.

Indiretamente, a redução no consumo de óleo diesel por tonelada de cana-de-açúcar produzida também resulta em melhores Notas de Eficiência Energética-Ambiental (NEEA) e, consequentemente, em maior geração de Créditos de Descarbonização (CBIOs) dentro do âmbito do RenovaBio. Com a expectativa de um mercado aquecido para os próximos anos – com cada CBIO sendo comercializado a R$ 345 em 2030 –, essa possibilidade pode ser de grande valia para as unidades bioenergéticas.

Tráfego controlado da colhedora de duas linhas reduz compactação e devolve vida aos solos canavieiros

Os benefícios que mais têm chamado atenção na colheita de duas linhas são os agronômicos. A CH950, da John Deere, possui uma bitola que a permite transitar exatamente no centro da entrelinha. A criação desse “canteiro” ou “pista de tráfego” implica em uma redução de 60% da área compactada, beneficiando a brotação e o desenvolvimento das soqueiras e impactando positivamente a longevidade e produtividade dos canaviais.

Durante o “Desencana Cast”, o podcast da John Deere, o professor de Mecânica Aplicada do Departamento de Engenharia Rural da FCA, da UNESP de Botucatu, Kléber Pereira Lanças, explicou que os solos das propriedades devem ser vistos como o maior patrimônio dos produtores rurais, pois serão eles os responsáveis pelo sucesso ou derrocada da cultura implantada. “Quando compactamos o solo, retiramos água e oxigênio. Consequentemente, matamos sua biodiversidade e prejudicamos o desenvolvimento das raízes.”

Ao não abalar as soqueiras, CH950 entrega grandes benefícios agronômicos

Foto: Divulgação John Deere

Para ele, o tráfego controlado de máquinas sobre o canavial sempre foi um sonho do setor, que agora se torna possível graças à chegada das colhedoras de duas linhas. “O principal desafio da mecanização da colheita de cana-de-açúcar foi a compactação do solo, que dizimou a produtividade agrícola das áreas.”

Fornecedor de cana-de-açúcar da cidade de Penápolis/SP, Márcio Aparecido Magretti já trabalha há duas safras com a CH950. De acordo com ele, a brotação da cultura é muito superior nas áreas colhidas por ela. “Essa máquina colhe minha cana durante todo o ciclo. Por não abalar a soqueira, acredito que ganharei, no mínimo, mais um corte nesses canaviais. Sem falar no aumento de produtividade e na redução do consumo de combustível”, relatou ele durante o “Desencana Cast”. “A CH950 é, sem dúvida, o futuro do setor.”

Colheita de duas linhas permite a tão desejada redução do espaçamento simples para menos de 1,50 m

Simples, duplo alternado, abacaxi. O setor bioenergético possui diversos tipos de espaçamento à sua disposição. A definição depende do solo, dos maquinários e da tecnologia empregada na propriedade. Com o avanço da colheita mecanizada nas últimas décadas, o setor passou a dar preferência para o espaçamento simples de 1,50 m. Mas, com a consolidação da colheita de duas linhas simultâneas e independentes, abre-se a possibilidade de diminuir esse espaçamento.

Estima-se que a diminuição do espaçamento simples para menos de 1,50 m impactaria positivamente na produção agrícola. O desejo de muitos é chegar a 1,25 m. Algo que, no momento, é considerado inviável. No entanto, nesse novo cenário repleto de colhedoras de duas linhas, o espaçamento simples de 1,40 m se torna não apenas possível, como também bastante atrativo.

Essa é a visão do fornecedor de cana-de-açúcar da FLA Produções Agrícolas, Rodrigo Valochi. Segundo ele, o espaçamento de 1,40 m pode proporcionar grandes ganhos em produtividade agrícola. “Meu sonho é ter apenas CH950 na minha frota e colher nesse espaçamento reduzido.” O profissional também foi um dos participantes do “Desencana Cast”, da John Deere.

 Nesse novo cenário repleto de colhedoras de duas linhas, o espaçamento simples de 1,40 m se torna não apenas viável, como também bastante atrativo

Foto: Leonardo Ruiz

Produtor da região paulista de Planalto, Valochi afirma que a primeira vez que ouviu falar da colhedora de cana de duas linhas simultâneas e independentes da John Deere ficou bastante empolgado, especialmente por ver que a máquina se adaptaria ao seu canavial, e não o contrário. “Sem falar que ela resolveria dois grandes gargalos da minha propriedade: a compactação do solo e a falta de mão de obra.”

Pioneiro na implantação da colheita mecanizada de uma linha nos anos 2000, Valochi repetiu o feito com a tecnologia de duas linhas. “A transição do corte manual para o mecanizado foi muito mais difícil do que sair de uma para duas linhas. Temos um pouco mais de trabalho na limpeza e lubrificação, mas que compensa pelo alto rendimento da máquina. É um sistema com muitos benefícios e que, com certeza, veio para ficar.”