Tecnologia ajuda no aumento da produção agrícola e na preservação
18-01-2018

No Brasil, a tecnologia tem sido uma aliada importante para aumentar a produtividade nos diversos setores da economia. E ela também pode ajudar na preservação do meio ambiente, no campo e nas florestas. É o que mostra agora o repórter Alan Severiano.

Três cidades de São Paulo inteiras caberiam com folga na Floresta Nacional do Tapajós, no Pará. Lá, um pedaço da Amazônia deixou de ser intocável com autorização do poder público. A maçaranduba que vai ser derrubada foi escolhida a dedo.

“Eu observo, vendo para onde que a copa está dobrada e já procurando uma direção que não vá quebrar remanescentes”, explicou Vítor Castro Dias, manejador de florestas.

Assim, algumas árvores mais velhas vão cedendo espaço para as mais novas crescerem, tudo dentro da lei.

O chamado manejo florestal é a extração de madeira de forma planejada, sem comprometer a biodiversidade.

A cooperativa de moradores aprendeu as técnicas para gerar renda numa região de natureza rica e economia fraca.

“Antes, eu trabalhava na roça e nem via o dinheiro quase. E a gente destruía um pouco a floresta. Hoje mudou muito”, contou Vítor.

Cortada em toras, a madeira é vendida com certificação. São R$ 2 mil para as famílias da comunidade.

“Tem que ter uma renda para levar seu filho na escola, para melhorar sua qualidade de vida, para que consiga sobreviver realmente na floresta. A floresta contém um poder de regeneração muito rápido”, afirma Jeremias Batista Dantas, vice-presidente da Coomflona.

No interior de São Paulo, a tecnologia é uma esperança para acabar com a crise nos canaviais. Endividado, o setor viu a plantação envelhecer e o número de usinas encolher nos últimos anos.

No fim de 2017, o governo federal aprovou o RenovaBio, um programa para incentivar a produção de biocombustíveis. A aposta é uma segunda revolução na forma de produzir álcool.

O bagaço que sobrou do processamento da cana, na usina também vira etanol. É o chamado etanol de segunda geração. Assim, o mesmo hectare de cana pode produzir 45% a mais.

“O etanol de segunda geração é 35% menos poluente, considerando toda a cadeia produtiva, se comparado ao etanol nacional convencional”, explica Ricardo Ionta, gerente Agroindustrial da Raízen.

Aumentar a produtividade também é possível na pecuária e sem recorrer a novos desmatamentos. Uma fazenda de gado a 30 quilômetros de Belém tinha o solo degradado e investiu na recuperação do pasto para engordar o boi.

"Ambientalmente você não vai devastar, não vai ser preciso abrir mais áreas para poder criar, o que deveria ser obrigação de todos nós, pecuaristas”, disse Ubiratan Novelinho, dona da fazenda.

O pasto em bom estado evita que o carbono presente no solo seja liberado. Além disso, o gado engorda em menos tempo e emite uma quantidade menor de gases do efeito estufa.

São esses gases que contribuem para o aquecimento do planeta. A Embrapa, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, deu consultoria ao projeto e diz que hoje a produtividade da fazenda é o dobro da média nacional.

“Um animal que é criado numa pastagem ruim, de qualidade ruim, vai levar muito mais tempo para ir para o açougue. Aumento de produtividade e diminuição de emissão de gás andam de mãos dadas”, afirmou Moacyr Dias Filho, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental.