Tempo seco aumenta risco de incêndios nos canaviais
11-08-2014

Luciana Paiva

O ano de 2014 se apresenta como o de menor pluviosidade dos últimos 45 anos em alguns estados da região Centro-Sul, como o de São Paulo. E o tempo seco deixa o setor sucroenergético em estado de preocupação em relação aos incêndios nos canaviais. Segundo levantamento do GSO – Grupo de Saúde Ocupacional da Agroindústria Sucroenergética - abituca de cigarro é a maior causa dos incêndios. Arremessada de janelas de carros, que transitam em rodovias, tem uma ação parecida com a de um lança-chamas, incendiando matas e plantações, entre as quais, lavouras de cana-de-açúcar.
Nos períodos de estiagem, as bitucas encontram um terreno ainda mais fértil para ter uma ação devastadora. A situação se torna mais grave com a presença do vento, que ajuda a espalhar o fogo.
Apesar de manter a liderança disparada entre as principais causas de incêndios nas plantações de cana, a bituca de cigarro tem a companhia de outros fatores que contribuem para elevar os índices das ocorrências. Um deles é a ação criminosa,pessoas que deliberadamente colocam foco no capim na beira das estradas, ou mesmo nos canaviais.
As usinas mantêm alerta as brigadas de incêndio. Caminhões-pipa (conhecidos como caminhões-bombeiro) são alocados em lugares altos, para que integrantes da brigada contra incêndio façam a vigilância dos canaviais.Funcionários com binóculos e rádios em torres de vigilância, distribuídas em pontos estratégicos, fazem o monitoramento da área.
O fogo na plantação em época errada, causada pela queima descontrolada, acidente ou ação criminosa, proporciona grandes prejuízos para usinas e destilarias. Mesmo com a brigada alerta 24 horas por dia, muitas vezes acontece mais de um chamado ao mesmo tempo para combater incêndios, dificultando o trabalho. Em alguns casos dá para chegar a tempo de salvar a cana, a ação rápida dos bombeiros faz com que o fogo seja mais superficial, atingindo levemente a palha. Assim, é possível deixar a cana em pé aguardando a época certa da colheita.
Mas tem casos em que o fogo queima o canavial exigindo o corte, porém, nem sempre a cana está no ponto certo de ser colhida, aí é prejuízo. Mesmo assim, precisará ser cortada para preservar a socaria para a próxima safra. Ainda há um grau mais intenso de incêndio, aquele de difícil controle, que queima a cana por completo, atingindo até mesmo as raízes da planta, exigindo renovação da área. Prejuízo maior ainda.
PARA PREVENIR E CONTROLAR INCÊNDIOS NOS CANAVIAIS
Segundo o GSO a ajuda mútua entre as usinas tem sido um fator importante para prevenir e controlar incêndios, evitando-se assim transtornos maiores. Além disso, a formação de brigada de incêndio com pessoas bem preparadas e treinadas, a disponibilidade de equipamentos adequados e eficientes são aspectos que minimizam os efeitos de incêndios no campo. Os cuidados no planejamento das ações contra incêndios começam na formação da brigadas que devem ter a participação de pessoas que apresentem aptidões adequadas para as atividades desenvolvidas nessas áreas. Obesos podem ter dificuldades em determinadas situações. Pessoas muito magras podem não apresentar condições para carregar extintores e equipamentos de peso elevado.
Entre os equipamentosque as usinas devem ter quantidade suficiente de caminhões-pipas para a cobertura de suas áreas, que devem ser dotados de canhão 360 graus, mangueiras emborrachadas, de uma polegada e meia, apropriadas para o combate de incêndios. O “mangotinho”, mangueira de meia polegada e com 50 metros de comprimento, é também bastante útil para controlar o fogo em locais de acesso mais difícil, como brejos.