UFFS revoluciona bioenergia com projeto de etanol a partir de sementes de seringueira
01-11-2024

Pesquisa inovadora da UFFS promete movimentar R$ 200 milhões anuais ao transformar resíduo florestal em combustível limpo

Por Andréia Vital

A Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) destacou-se ao vencer o prêmio do Programa de Propriedade Intelectual com Foco no Mercado (Prime) de 2024, promovido pelo governo do Paraná. O reconhecimento foi concedido à pesquisa pioneira da universidade, que visa à produção de etanol a partir das sementes de seringueira – resíduos florestais que tradicionalmente são descartados no processamento do látex. A premiação foi entregue em Maringá-PR, no começo de outubro.

Desenvolvida em parceria com a Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) e com o apoio de empresas de florestas produtivas, a pesquisa busca uma solução sustentável para o problema ambiental causado pela acidificação do solo devido ao acúmulo dessas sementes. "O projeto utiliza as sementes de seringueira para produzir etanol, oferecendo uma alternativa de destinação ambientalmente correta e valorizando um subproduto antes descartado", explicou o professor Letiere Soares, da UFFS.

A pesquisa revela que o estado de São Paulo, um dos maiores produtores de seringueiras do Brasil, tem potencial para ser um grande beneficiário dessa inovação. Cada hectare de seringueiras no estado, que cobre cerca de 200 mil hectares, acumula aproximadamente mil quilos de sementes anualmente. Com a tecnologia desenvolvida, é possível converter 3,91 quilos de sementes em 1 litro de etanol, o que permitiria uma produção anual de até 51 mil metros cúbicos do biocombustível, movimentando mais de R$ 210 milhões anualmente.

Premiado com R$ 200 mil, o projeto usará esse aporte financeiro para expandir a escala de produção de etanol, em parceria com uma empresa de combustíveis em Guarapuava-PR. Os recursos também financiarão bolsas de pesquisa e a aquisição de novos equipamentos e insumos essenciais para a continuidade do projeto.

Desde 2019, a UFFS vem liderando estudos sobre o aproveitamento das sementes de seringueira, por meio de um acordo de cooperação. Além do etanol, as pesquisas investigam usos diversos para as sementes, incluindo aplicações na produção de biocombustíveis, cosméticos, produtos alimentícios e ambientais. O grupo já realizou três depósitos de patentes nacionais e um internacional, e obteve prêmios da Associação Paulista de Produtores e Beneficiadores de Borracha (Apabor) e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

A equipe de pesquisa inclui os professores Letiere Soares, Dalila Benvegnú e Fernanda Lima, da UFFS; o professor André Gallina, da Unicentro; o estudante de pós-graduação Giovano Tochetto (Bioenergia/Unicentro); e os estudantes Gabriel Rohling (Química) e Katharine Braz (Ciências Biológicas) da UFFS.