UFSM aposta em tecnologia inovadora para levar produção de etanol às pequenas propriedades rurais
07-07-2025

Projeto busca viabilizar microdestilarias no campo gaúcho com equipamento compacto, eficiente e adaptado à realidade regional
Com o objetivo de transformar a produção de biocombustíveis no meio rural, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em parceria com a empresa Limana Poliserviços, está desenvolvendo uma solução inovadora que promete tornar viável a fabricação de etanol em pequenas propriedades. O projeto, intitulado “Destilador inovador para produção de etanol em pequena escala: tecnologia para o desenvolvimento do agronegócio regional”, é coordenado pelo professor Flávio Dias Mayer, do Departamento de Engenharia Química da universidade, e pretende romper uma barreira histórica da agricultura brasileira: a viabilidade econômica das microdestilarias.
A proposta prevê a construção de um equipamento compacto, com capacidade de produzir até 30 litros de etanol por hora, utilizando como matéria-prima subprodutos agrícolas de baixo valor comercial. Essa tecnologia visa atender especialmente os produtores do Rio Grande do Sul, adaptando-se ao perfil de produção local com uso de insumos como cana-de-açúcar, arroz quebrado, milho, mandioca e trigo.
“Queremos oferecer uma alternativa acessível e eficiente para que o pequeno agricultor possa produzir seu próprio etanol combustível”, afirma Mayer. “Os destiladores disponíveis até hoje apresentavam baixa eficiência e alto consumo energético. Nosso foco é mudar esse cenário com um equipamento mais moderno e ajustado às necessidades regionais”.
Entre os diferenciais do novo destilador, destaca-se a otimização do consumo energético. A equipe técnica está trabalhando para reduzir significativamente os custos operacionais em comparação aos modelos anteriores, além de garantir que a produção ocorra com maior eficiência térmica e menor impacto ambiental.
Segundo Mayer, o projeto vai além da inovação tecnológica, promovendo também ganhos sustentáveis. “Estamos tratando de um combustível renovável, o etanol, que tem potencial para substituir fontes fósseis e reduzir emissões de gases de efeito estufa, beneficiando o meio ambiente e tornando a agricultura mais autossuficiente”, explica o professor.
A previsão é de que, ao final da execução do projeto, o destilador esteja totalmente ajustado, testado e pronto para ser comercializado, podendo ser distribuído em larga escala para produtores rurais interessados em diversificar sua matriz energética e reduzir a dependência de combustíveis externos.
A iniciativa é resultado de mais de uma década de estudos e aprimoramentos. Mayer relembra que a ideia de microdestilarias no Brasil remonta à década de 1970, mas até hoje nenhuma delas conseguiu atingir um modelo economicamente viável e competitivo.
“O que buscamos é justamente resolver esse problema. Nossa tecnologia quer romper esse tabu e permitir que a produção descentralizada de etanol finalmente aconteça de forma sustentável e prática”, afirma.
Com o apoio do edital Inova Agro, da Secretaria Estadual de Inovação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, o projeto também representa um importante passo para o fortalecimento do ecossistema de inovação no estado. A aproximação entre universidade, empresas e produtores é apontada como um diferencial estratégico para promover o desenvolvimento econômico, social e ambiental do agronegócio regional.
A UFSM e seus parceiros estão confiantes de que o projeto se tornará referência nacional na produção descentralizada de biocombustíveis. A possibilidade de instalação de microdestilarias em propriedades rurais pode representar um marco para a independência energética de pequenos produtores, além de abrir novas frentes de negócios e geração de renda no campo.
“Queremos levar tecnologia onde ela mais pode fazer a diferença: na mão do produtor”, conclui Mayer. “Se conseguirmos validar e escalar essa solução, o impacto será significativo não apenas para o Rio Grande do Sul, mas para todo o Brasil”.
O projeto ainda está em fase de testes e ajustes, mas a expectativa é de que os primeiros resultados práticos já possam ser vistos nos próximos meses. A meta é que, até o fim do ciclo de desenvolvimento, o equipamento esteja pronto para ganhar o mercado e iniciar uma nova fase para a bioenergia rural no país.