Uisa adota práticas sustentáveis e preserva ecossistema

01-08-2022

Biorrefinaria de Mato Grosso concilia processos de produção e cuidados com florestas, fauna e a qualidade da água de rios e córregos

Renato Anselmi

Fotos: Divulgação Uisa

Uma das maiores biorrefinarias do país, a Uisa (antiga Usinas Itamarati), localizada em Nova Olímpia, MT, desenvolve suas atividades, nas áreas agrícola e industrial, com a preocupação de preservar florestas nativas, a fauna local e a qualidade da água dos rios e córregos. A empresa está inserida inclusive em uma das regiões com a maior biodiversidade do planeta, no chamado Bioma Amazônico, dentro da Amazônia Legal.

 “A Uisa tem conseguido, de uma forma inteligente, que o negócio prospere, não ultrapassando os limites da sustentabilidade ambiental”, afirma Marcelo Contó, diretor de Supply & ESG da empresa. A companhia tem diversificado seu mix, utilizando matérias-primas vegetais para a produção, de maneira sustentável, de energia limpa, biocombustíveis, alimentos e insumos. Além da geração de energia elétrica, a empresa produz etanol hidratado e anidro, açúcares (cristal, demerara, refinado e triturado) e saneantes.  

As mudas produzidas são utilizadas em áreas próprias e são disponibilizadas também para fornecedores de cana

Uma das iniciativas de destaque da companhia, na área ambiental, é a recuperação de florestas com a utilização de mudas nativas produzidas no viveiro, mantido pela Uisa, que tem capacidade para produzir 200 mil mudas por ano. “As mudas são utilizadas em áreas próprias e são disponibilizadas também para fornecedores de cana”, informa Marcelo Contó.  Além disso, o viveiro produz Mudas Pré-Brotadas (MPB) para o plantio de cana-de-açúcar.

Segundo o diretor de Supply & ESG, havia desflorestamento, na região, até 2007. Após esse período, a usina começou a fazer reflorestamento de suas áreas. “A empresa reverteu o desflorestamento em reflorestamento”, ressalta.

A empresa reverteu o desflorestamento em reflorestamento

Para a preservação dos rios que correm ao redor de seu complexo industrial, e que formam o Pantanal Mato-grossense, houve a criação do Programa Águas da Guanabara que faz o controle e manutenção de Áreas de Preservação Permanente situadas junto às nascentes. Essa medida tem evitado o assoreamento, entre outros benefícios. O programa conseguiu desde a sua criação, em 2004, proteger 246 nascentes e erradicar 1.096 hectares de cana-de-açúcar nos locais de preservação permanente.

O trabalho de proteção dos rios inclui o monitoramento da qualidade da água por meio da adoção de processos rigorosos de controle para que seja evitado o descarte de resíduos. Além disso, a empresa adota diversos cuidados na aplicação de agroquímicos.   

A Uisa desenvolve o Programa Águas da Guanabara que faz o controle e manutenção de Áreas de Preservação Permanente situadas junto às nascentes

A Uisa realiza todos os procedimentos necessários para a obtenção de outorga para a captação de água de dois rios – ou mesmo para o aumento do volume captado –, visando o atendimento da demanda industrial e de irrigação, observa Marcelo Contó. Há um gerenciamento de informações, realizado pela área de sustentabilidade, o que inclui a avaliação de alguns indicadores visando o uso racional da água.   

Para a irrigação dos canaviais, essa biorrefinaria mato-grossense utiliza os sistemas de aspersão, gotejamento e pivô. Há também o aproveitamento da vinhaça, enriquecida com outros nutrientes, na fertirrigação. “A região tem o Verão bastante chuvoso, a Primavera com boa incidência de chuva, e o Inverno e Outono com pouca chuva, o que causa estresse da cana”, detalha.

A área industrial faz o reuso da água utilizada, em circuito fechado, no processo de produção. Em determinados períodos, ocorre o consumo de maior quantidade de água, principalmente quando é necessário aumentar a moagem. Nesse caso, há um exercício de gestão da água, para solicitar outorga com antecedência, visando o aumento da captação – esclarece.

Proteção da fauna - Os esforços da Uisa se estendem também à proteção e preservação da fauna.  “Placas advertem sobre a circulação de animais nas estradas da biorrefinaria, que têm alto índice de tráfego de caminhões. Mostramos que existem diversos animais que cruzam as estradas. A gente filma paca, capivara” – exemplifica Marcelo Contó.

Placas advertem sobre a circulação de animais nas estradas da biorrefinaria, que têm alto índice de tráfego de caminhões

Abrangendo todos os habitats em áreas de influência da Uisa, o Programa de Monitoramento de Fauna tem a finalidade de combater o atropelamento e fazer o levantamento de todos os animais da região. No final de 2019, foi iniciado o Programa de Avistamento, que tem o objetivo de elaborar um inventário da fauna local com arquivos fotográficos realizados pelos próprios trabalhadores da companhia.

As áreas próximas à casa-sede da Uisa na Fazenda da Guanabara, que existe desde a época do empresário Olacyr de Moraes (falecido em 2015) – que fundou a Usinas Itamarati em 1980 – são usadas como habitat natural por diversos animais. Atualmente, a biorrefinaria é controlada por investidores financeiros liderados pelo fundo de private equity CVCIB. É um privilégio ver o papagaio tomar água de coco, perfurando o fruto – relata Marcelo Contó – nos arredores da casa-sede. 

Nas áreas mantidas pela Uisa já foram identificadas 179 espécies de aves, que representam 53,75% da avifauna total encontrada na Bacia do Rio Sepotuba

Nas áreas mantidas pela Uisa já foram identificadas 179 espécies de aves, que representam 53,75% da avifauna total encontrada na Bacia do Rio Sepotuba, que abrange uma área de aproximadamente 9.840 quilômetros quadrados, dentro da bacia do Alto Paraguai, no estado de Mato Grosso.

Produção de biogás - O aproveitamento de subprodutos, gerados no processo de produção industrial, é outra ação importante da Uisa na área de sustentabilidade ambiental. A companhia está iniciando inclusive a construção da planta industrial voltada à produção de biogás a partir da utilização da vinhaça e torta de filtro, que deverá entrar em funcionamento daqui a aproximadamente 18 meses, segundo Marcelo Contó 

Outro subproduto muito bem aproveitado pela Uisa é o bagaço de cana. “Antes era descartado pelas usinas, hoje é uma fonte de energia importante”, enfatiza o diretor de Supply & ESG da empresa. A Uisa gera energia para as linhas de transmissão, que vai ter a sua disponibilidade ampliada com a construção de uma subestação. Além disso, há a energia gerada para consumo próprio e para venda à outras unidades industriais.

No campo, a biorrefinaria utiliza a vinhaça na fertirrigação, torta de filtro e cinzas na adubação.

No final de 2019, foi iniciado o Programa de Avistamento

Gestão da sustentabilidade - O envolvimento dos colaboradores na preservação do ecossistema e na gestão ambiental é outro diferencial da atuação da Uisa nessa área. “As pessoas têm orgulho em realizar esse trabalho de preservação ambiental. É uma luta constante”, comenta Marcelo Contó.

A proposta da Uisa é que todos os fornecedores de cana da companhia também estejam envolvidos com as práticas de ESG – sigla em inglês para "environmental, social and governance" (ambiental, social e governança, em português). Esse é um dos motivos inclusive para que o setor de suprimentos da empresa esteja vinculado à mesma área de sustentabilidade (Supply & ESG) – explica.

E seguindo essa “pegada” verde, a Uisa obteve, em setembro de 2021, a certificação do programa LCFS-Carb (Low Carbon Fuel Standard do California Air Resources Board), exigida pela Califórnia, para a comercialização do etanol para esse estado norte-americano. Para obter a LCFS-Carb, existe a necessidade de que toda a cadeia produtiva seja sustentável. Outras certificações atestam a preocupação dessa biorrefinaria mato-grossense com a qualidade dos produtos e as práticas sustentáveis em todo o processo de produção.

A Uisa possui diversas certificações: ISO 9001 – certificação de Sistema de Gestão das Qualidade; ISO 14001 - Sistema de Gestão Ambiental; FSSC 22.000 - Gestão da Segurança Alimentar; Bonsucro – certificação que garante o cumprimento legal, trabalhista, ambiental e critérios de eficiência para a produção sustentável de cana-de-açúcar e seus derivados;  Kosher - certificação de açúcar de acordo com as leis judaica; International REC Standard (I-REC) - sistema de certificação global que atesta a contribuição para produção de energia renovável.

“A Uisa tem conseguido, de uma forma inteligente, que o negócio prospere, não ultrapassando os limites da sustentabilidade ambiental”, afirma Marcelo Contó, diretor de Supply & ESG da empresa

A adoção de práticas sustentáveis tem gerado diversos benefícios para a empresa. Um deles é a possibilidade de comercialização de CBios (Créditos de Descarbonização), a partir da certificação no programa RenovaBio, que tem proporcionado ganhos financeiros adicionais à empresa. No ano passado, o preço do CBio estava em R$ 60 e, em 2022, o valor médio aumentou para R$ 100,00 – observa Marcelo Contó.

As práticas sustentáveis tornaram-se prioridade na companhia, que contratou empresa especializada para verificar o posicionamento da Uisa em relação à sustentabilidade e práticas ambientais – informa. A primeira etapa do trabalho é a realização de pesquisa na web.

O forte vínculo da Uisa com os municípios da região, como os de Nova Olímpia, Tangará da Serra, Denise, proporciona diversos benefícios para os moradores, incluindo a geração de emprego e renda. A empresa realiza iniciativas voltadas à comunidade. Um dos destaques é o Florescer Ação Social – fundado em 2006 –, do qual Marcelo Contó é vice-presidente, voltado ao desenvolvimento de projetos que incentivam e fortalecem o desenvolvimento humano, social, educacional e cultural de crianças, adolescentes e adultos das comunidades de Denise e Nova Olímpia.

De maneira geral, o propósito da companhia é promover o desenvolvimento sustentável, buscando o uso racional dos recursos e de matérias-primas e mantendo sintonia com as necessidades de seus consumidores e das comunidades localizadas em sua área de atuação.     

Fonte: CanaOnline