Usina cooperativada de Pernambuco mantém crédito aberto junto a bancos e a equipamentos Dedini
07-10-2019

Caminhões aguardam para desembarcarem cana na esteira da Agrocan na atual safra (Agrocan)
Caminhões aguardam para desembarcarem cana na esteira da Agrocan na atual safra (Agrocan)

A Usina Agrocan, na zona da Mata Sul de Pernambuco, hoje já tem crédito assegurado em bancos públicos e privados e mantém uma carteira aberta com a Dedini, a maior empresa de equipamentos para o setor de sucroenergia. O resultado é que neste estágio de 2019, a empresa já acumula R$ 60 milhões em investimentos, numa espiral ascendente desde 2015.

Trata-se de uma empresa cooperativista modernizada, após assumir unidade paralisada e degradada, e por hora só está no etanol.

O presidente da unidade, Gérson Carneiro Leão, a primeira cooperativa de plantadores (também Agrocan) a ter uma moenda industrial, adquirida da antiga Pumaty, diz que o portfólio mantido com as instituições financeiras e fornecedores foi resultado de produtividades crescentes, gerando produção em expansão, garantia de matéria-prima (dos cooperados) e saneamento das dívidas. A Pumaty estava parada há dois anos.

Nesta safra (setembro a fevereiro) a Agrocan e seus 1,5 mil sócios cooperados estão moendo 6 mil toneladas diárias, em fase de irem cortando a ociosidade ainda presente de 5 a 6 mil/t. No cômputo da temporada, aproximadamente 900 mil toneladas de cana virarão 70 milhões de litros de etanol. Na safra passada, foram 42 milhões/l.

“Não está compensando produzir açúcar”, afirma Carneiro Leão.

Mas para o etanol, segundo o líder da cooperativa de plantados e da usina, a situação para o Nordeste poderia estar melhor, não fosse o aumento da cota livre de etanol dos Estados Unidos, aumentada para 750 milhões de litros anuais, recentemente definida pelo governo.

Ele, como outras lideranças da região, entre os quais Renato Cunha, do Sindaçúcar PE e Novabio, e Alexandre Lima, da Feplana e também da Cruangi (outra cooperativa cooperativista do estado), defendiam o fim da cota até então livre de 600 milhões/l, “mas esse governo ferrou com a gente do Nordeste”, afirma, sem meias palavras.

Agora, um grupo de deputados está tentando reverter isso – ou ao menos forçar Brasília a negociar uma cota maior para a entrada do açúcar nordestino nos Estados Unidos. Hoje é de no máximo 150 mil toneladas sem taxa, volume 7 vezes menor que o volume de etanol importado também sem imposto.

Estado
Gérson Carneiro Leão é também presidente do Sindicato dos Cultivadores de Cana de Pernambuco, reunindo 13 mil filiados, e que no atual ciclo vão entregar 13 milhões de toneladas de cana às usinas.

A produtividade aumentou de 45/50 para 55/60 toneladas de cana por hectare, mas o ATR, qualidade do açúcar, começa a melhorar agora.

O sol vai ajudando a secar o interior da cana que contém muita água.

 

Por Giovanni Lorenzon

 Fonte: Money Times