Usina São João, de Araras, SP, participa de Projeto de Coexistência Cana e Apicultura
08-11-2016

Com a introdução do Projeto Cana e Apicultura, a redução da mortalidade das abelhas já supera 95%

Entre as iniciativas do Projeto Colmeia Viva está o Mapeamento de Abelhas Participativo (MAP), que conta com a participação da Unesp e UFSCar e realiza o levantamento de dados sobre a mortalidade de abelhas e apura os fatores que contribuem para a perda de colmeias e abelhas no Estado de São Paulo. Em 10 anos, mais de 50 mil colmeias foram dizimadas no estado. “De 30 casos, 27 deram positivos ao uso de agroquímicos. Era preciso fazer alguma coisa para sanar este problema”, conta Malaspina.

Segundo o pesquisador, surgiram duas alternativas, uma delas era proibir a aplicação aérea de defensivos, foi o que o IBAMA fez em 2012, mas depois liberou com restrições, pois é necessária para garantir a produção. Outra saída era proibir o uso de produtos nocivos às abelhas, mas o desenvolvimento e homologação de defensivos adequados demoram muito e, com isso, as culturas também estariam à mercê das pragas.

“Foi aí que pensamos em estimular a coexistência entre a cana e apicultura. Em 2013, na região de Araras, ocorreu a mortalidade de 600 colmeias, então resolvemos iniciar por ali o Projeto de Coexistência Cana e Apicultura”, diz Malaspina.

O cultivo da cana para industrialização se dá pelo processo de germinação, ou seja, sem a utilização de polinizadores. Mesmo assim, o setor reconhece sua importância e contribui com iniciativas de preservação, por isso, a Usina São João (USJ), em Araras, não se esquivou de ser parceira do Projeto, que também envolve apicultores e a Associação dos Apicultores de Araras e Região. E é realizado pela Unesp, UFSCar e pela Syngenta.

A primeira ação foi o mapeamento dos apicultores que colocam as colmeias nas áreas de preservação permanente (APP) e Reserva legal da Usina e de seus parceiros. A USJsoma 3290 hectares de área própria entre APP e Reserva legal.E para liberar a área para a colocação da colmeia passou a realizar um cadastramento e um contrato com os apicultores.

Esse cadastramento permitiu colocar em prática o próximo passo do projeto, que é a comunicação que a USJ deve realizar 72 horas antes da aplicação aérea do inseticida. O comunicado é feito por telefone e impresso para a associação e para os apicultores. “Assim, na noite anterior a aplicação, vamos às florestas e fechamos as colmeias. Duas horas após a aplicação podemos liberá-las. Tem apicultor que reclama, diz que dá trabalho, mas precisamos cooperar, pois colocamos as caixas das abelhas em áreas da usina ou do produtor de cana, além disso, a aplicação só acontece uma vez por ano”, observa Carlos Fernando Celano, presidente da Associação dos Apicultores de Araras e Região, que conta com 35 apicultores ativos.

De acordo com a USJ, a aplicação de inseticidas é feita uma vez por ano, quando o canavial tem massa foliar para absorver o insumo, normalmente o período de aplicação inicia-se no mês de outubro e vai até janeiro.Malaspina explica que, a abertura das colmeias pode ocorrer duas horas após a aplicação, porque no caso da lavoura canavieira, o efeito residual do inseticida não é problema, pois as abelhas não vão nas canas em busca de pólen ou néctar, a mortalidade ocorre quando a abelha está em voo e é atingida pelo produto e quando a aplicação cai sobre os apiários.

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