Usinas estão moendo sem pagar produtores, revela presidente da Asplana
04-10-2016

Fornecedores de cana-de-açúcar de Alagoas se reuniram nesta segunda-feira (3), na Associação dos Plantadores de Cana (Asplana), no bairro do Jaraguá, para discutir a dívida das usinas com o setor. Segundo eles, as indústrias estão moendo sem fazer o pagamento aos produtores.
A entidade estima em R$ 250 milhões a dívida delas com os cerca de oito mil produtores alagoanos.
Segundo o presidente da Asplana, Edgar Filho, em alguns casos, o débito já se arrasta há três safras.
"Já tem fornecedor que não recebe há três safras. Nessa última safra teve usina que moeu e não pagou um real", disse ele, acrescentando que a situação tem gerado problemas entre os pequenos produtores.
"A situação está de cada vez mais calamidade. Passou de calamidade no campo, porque você não tinha como renovar seu canvial, para calamidade dentro da própria casa, com os fornecedores sem conseguir pagar nem as contas. Nossa classe é formada 90% de pequenos fornecedores, que sobrevivem com um salário mínimo por mês".
O presidente destacou que a solução apresentada pelas usinas, até agora, é o pagamento por meio de um financiamento pleiteado por elas junto a um banco internacional. Desde dezembro, porém, o dinheiro é aguardado, mas ainda não foi liberado pela instituição financeira.
"Quando saiu a notícia de que esse financiamento viria para as usinas e que elas se comprometeram junto com o governador que esse dinheiro seria prioritário para pagar ao fornecedor de cana, gerou-se uma esperança para a classe, mas desde dezembro não saiu e elas não pagaram. Temos um ano de esperanças frustradas", expôs.
Os fornecedores querem agora outra saída para a questão. "Eles dizem que a solução é esse financiamento, porque ao problema ainda se aliou a seca e a crise. Já disseram que, se esse dinheiro não sair, a maior parte das usinas vai fechar. Temos que ver outra forma, até porque estão moendo. Eles dizem que vão fechar, mas estão moendo e não nos pagando".
Além disso, eles também discutiram o Açúcar Total Recuperável (ATR), valor atribuído à qualidade da cana, a capacidade de ser convertida em açúcar ou álcool através dos coeficientes de transformação de cada unidade produtiva. Em Alagoas, o último afixado foi de R$ 76,52 por tonelada.
"Existe uma tabela e o preço hoje é esse, muito pouco, uma diferença de R$ 23 para o estado vizinho. Pernambuco tem um preço mais elevado que o nosso, pois a fórmula pelo qual eles calculam o ATR é diferente. Estamos querendo pleitear para mudar isso, até para nos tornarmos mais competitivos", acrescentou Edgar Filho.