Usineiros querem elevar para 27,5% fatia de etanol na gasolina
11-04-2014

O percentual de álcool anidro misturado na gasolina pode subir novamente. A proposta, feita pelos produtores de cana de açúcar, está em estudo no governo.

No ano passado, o porcentual da mistura subiu de 20% para 25%. O pedido do setor agora é para chegar a 27,5%.

O Ministério de Minas e Energia informou que analisa o documento entregue pela Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) para se manifestar posteriormente.

A Unica confirmou o pedido, mas não quis comentar.

O ministro da Agricultura, Neri Geller, afirmou ontem, em entrevista à EBC (Empresa Brasil de Comunicação), que se reuniu com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, para tratar do assunto, mas que não há decisão.

Se adotada, a medida pode contribuir para evitar um aumento maior do combustível neste ano e ajudar no combate à inflação.

O álcool anidro é utilizado na mistura vendida nos postos com o nome de gasolina. O combustível verde é mais barato que o de origem fóssil. Por isso, quanto maior o porcentual, menor o preço final ao consumidor.

A mudança seria positiva para os preços, mesmo em um momento em que o álcool está subindo e o preço da gasolina pura segue estável.

O ministro da Agricultura diz que a mudança pode ajudar o setor a sair da crise. A queda nas vendas de álcool e a quebra nas últimas safras, entre outros fatores, fizeram com que muitas usinas fechassem as portas.

E o motor?

Segundo especialistas, o etanol é um combustível mais corrosivo, por isso carros a gasolina importados para o Brasil recebem mangueiras mais resistentes, por exemplo. Já modelo trazidos de forma independente, que não passaram pela processo chamado "tropicalização", sofreriam mais com a mudança.

Outra consequência é o possível aumento no consumo. "Como o etanol tem menor poder calorífico, elevar em 10% a quantidade do combustível vegetal na gasolina irá refletir em um maior gasto do veículo. Essa variação pode ser maior ou menor dependendo da tecnologia empregada no motor", diz Lothar Werninghaus, consultor técnico da Audi.