Vale do Paraná e Albioma fazem joint venture em cogeração
31-05-2016

Em mais um passo para crescer no Brasil, a companhia francesa de energia Albioma acertou com a usina Vale do Paraná, localizada no município paulista de Suzanópolis, a criação de uma joint venture para ampliar e gerenciar o negócio de cogeração de energia a partir do bagaço de cana-de-açúcar produzido na unidade, que foi uma das vencedoras do último leilão de energia elétrica A-5, ocorrido um mês atrás.

A Vale do Paraná negociou na ocasião a venda de 120 gigawatt­hora (GWh) ao ano por um preço de R$ 245,20 o megawatt­hora (MWh), vinculado à variação da inflação, ao longo de 25 anos, contados a partir de 2021.

A Albioma terá uma participação de 40% na joint venture e os donos da Vale do Paraná, 60%. A Vale do Paraná tem como sócios o guatemalteco Grupo Pantaleon (com 60%) e a colombiana Manuelita (com 40%). Conforme foi acertado na joint venture, a Albioma e os proprietários da Vale do Paraná deverão fazer um aporte de R$ 100 milhões para aumentar a capacidade instalada da unidade. Com a ampliação, a Vale do Paraná quer garantir o fornecimento da carga contratada no leilão.

A Albioma e a Vale do Paraná esperam que o BNDES financie uma parte do investimento, uma vez que o projeto tornou-se elegível após vencer o leilão de energia.

Atualmente, a usina tem capacidade de cogeração de 16 MW, que são consumidos pela própria unidade. Para a geração de energia, a fábrica consome apenas parcela das 540 mil toneladas de bagaço que resultam da cana processada, enquanto a outra parte é vendida a usinas da região. Com o aporte, a Vale do Paraná passará a ter capacidade instalada de 48 MW e consumirá todo o bagaço de cana gerado na usina.

Aproximadamente 80% do investimento será destinado à ampliação de capacidade da indústria. Para isso, o plano é modernizar a caldeira atual para que ela possa operar com uma pressão maior, substituir o gerador existente para que suporte maior pressão e adquirir um novo gerador, também apropriado para operar sob alta pressão. Os outros 20% do aporte serão direcionados à construção de linhas de transmissão para a conexão da usina com o sistema interligado nacional (SIN) que deverão percorrer 20 quilômetros.

Os 120 GWh por ano comercializados pela usina Vale do Paraná no leilão A­5 representam cerca de 80% da energia exportável pela unidade. Os demais 20% que a planta terá capacidade de exportar ao sistema (aproximadamente 29 GWh ao ano) serão vendidos no mercado livre.

Para a Albioma, a entrada no negócio de cogeração na usina Vale do Paraná representa o maior passo dado pelo grupo francês em direção à sua meta de deter uma capacidade instalada no Brasil de 600 MW até 2024.

Contando com o controle nas unidades de Rio Pardo e na Codora, em parceria com a Jalles Machado, a múlti francesa terá 156 MW de capacidade no país, volume pequeno se comparado aos 750 MW que a companhia tem de potência instalada no mundo atualmente.

Por enquanto, os negócios da Albioma no Brasil representam menos de 4% do faturamento do grupo francês, conforme dados divulgados no balanço de 2015. Mas essa participação deve aumentar, já que a cogeração da Codora foi finalizada recentemente, segundo Christiano Forman, diretor-presidente da Albioma no Brasil.

O crescimento da unidade Vale do Paraná também elevará a participação dos negócios brasileiros no resultado do Grupo Pantaleon. A usina contribui hoje com cerca de 5% do faturamento anual da companhia, de US$ 1 bilhão. A expectativa de Salvador Biguria, diretor da companhia, é que o investimento leve o Brasil a representar entre 8% e 10% do faturamento do grupo.