“WATCHDOGS” – SUA EMPRESA PODE TER UM.
15-02-2017

Muitas empresas estão sendo vigiadas em sua gestão como parte dos acordos celebrados com as instituições financeiras, mas nem todas estão preparadas para receber a figura do “watchdog”, com são classificados pelo mercado, ou “cão de guarda” em português, ou ainda, como eu prefiro chamar, o OBSERVADOR DE RESULTADOS.

Essa atividade de observador é muito mais comum do que se imagina. Aqui no Brasil se tornou uma atividade requerida no setor sucroalcooleiro a partir de 2005, quando um grande volume de capital foi disponibilizado para as usinas e destilarias, direcionados para investimentos em lavoura e expansão industrial.
Uma forma dos fundos de investimentos e bancos acompanharem o uso dos recursos disponibilizados foi contratarem empresas especializadas na gestão do setor para a função de observador de resultados.
A MBF AGRIBUSINESS foi a pioneira nessa atividade. Tendo seus profissionais, em sua grande maioria, oriundos do setor e ainda com formação técnica e intelectual diversificada, a consultoria foi selecionada por bancos e fundos de investimentos para atuar da lavoura até as análises econômicas e negociações financeiras, passando pela operação industrial e comercialização.
Uma atividade bem desenvolvida nessa área de acompanhamento gera credibilidade e segurança aos credores e também aos devedores. Em muitos casos, a atividade de observador determinou ou antecipou ações que viabilizaram a renovação das operações financeiras. Além disso, a consultoria especializada em gestão, levou para as empresas vigiadas o conhecimento, inovações e benchmarking do mercado, fazendo com que os resultados passassem a ser planejados e acompanhados, tendo sempre como foco a melhor margem, com redução de custos e aumento das receitas através de uma boa comercialização e administração do passivo.
Muitas empresas que passaram por esse processo de acompanhamento em sua gestão, identificaram que o observador proporciona solução muito além da auditoria de credores, o qualificando como um consultor de resultados, tanto que, mesmo quitando seus passivos, mantiveram as atividades no seu quadro de ações.
Com a crise financeira mundial, acirrada no ano de 2008, o setor, que já vinha com grandes dificuldades econômicas, deixou de receber financiamentos e os vencimentos das operações vigentes, quando cumpridos, não tiveram o retorno do financiamento. Com isso, a função do observador foi diminuindo com o tempo.
Entretanto, a partir de 2014, com o significativo aumento das empresas em dificuldades financeiras e a recuperação judicial crescendo no mercado, como parte das negociações passaram a serem estabelecidas regras e indicadores de gestão para as empresas e a figura do “watchdog”, como é conhecido no mercado financeiro, voltou a ser utilizada. É uma função que, quando bem desempenhada, é de grande importância. Não como auditoria de números fechados, mas como avaliação antecipada de resultados e identificação de dificuldades operacionais.
A questão é que muitas empresas não estão preparadas para receber um “cão de guarda” vigiando suas atividades e aptas para cumprir com as novas regras estabelecidas nos acordos financeiros. Por isso a importância de que essa atividade de observador seja desenvolvida por pessoas que conhecem profundamente as nuances do setor, que conjuga atividades distintas dentro de uma única empresa, como: gestão de mão de obra, logística, gestão ambiental, gestão agrícola, gestão industrial, comercialização e operações financeiras estruturadas.
Com regras a serem cumpridas, uma informação inconsistente ou errada passada pela empresa e não filtrada pelo observador, ou ainda um observador que avalia as ações e números sem a compreensão adequada das dificuldades das atividades e sazonalidade do setor pode gerar uma crise de confiança entre as partes.
O desafio está aí e não é somente para as empresas, mas também para as instituições financeiras, que devem escolher entre receber relatórios de auditoria ou relatórios que mostrem a realidade das empresas, podendo antecipar os problemas e minimizar riscos.
Marcos Françóia
DIRETOR DA MBF AGRIBUSINESS -