2025 ainda será de capacidade instalada acima da média para a biomassa
22-01-2025
Em janeiro de 2025, a capacidade instalada outorgada e em operação no país totaliza 210.599 MW. A fonte biomassa em geral (que inclui as diversas biomassas) apresenta 17.885 MW, representando 8,5% da capacidade instalada na matriz elétrica do Brasil, ocupando a 4ª posição, atrás das fontes hídrica, eólica e gás natural, em termos de potência outorgada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), sem incluir a Micro e Mini Geração Distribuída (MMGD).
Por Zilmar Souza
No ano passado, a fonte biomassa em geral instalou 586 MW novos na matriz elétrica do país, representando 5,4% da expansão no país em 2024. Foram 17 novas usinas no sistema, sendo nove usinas com compromissos no Ambiente de Contratação Regulada (ACR) e oito com compromissos de entrega de energia apenas no mercado livre.
A qualidade da geração descentralizada pela biomassa, próxima aos principais centros de carga e nevrálgicos para o sistema é verificada por conta da distribuição dessas 17 usinas novas à biomassa: nove estão no Sudeste (53%), cinco no Centro-Oeste (29%), uma no Sul, uma no Nordeste e outra na Região Norte do país. De janeiro a novembro de 2024, 57% do consumo brasileiro ocorreram no Submercado Sudeste/Centro-Oeste do Sistema Interligado Nacional, onde concentra-se a geração de bioeletricidade.
Em 2024, as maiores expansões foram representadas pelas fontes intermitentes eólica e solar que, conjuntamente, representaram 9.833 MW (91,1% da expansão em 2024), mostrando também como é importante termos a expansão da biomassa, uma fonte considerada não intermitente, para ajudar na manutenção da segurança sistêmica, por conta da expansão das coirmãs renováveis eólica e solar.
Atualmente, a biomassa da cana (bagaço e palha) responde por 71,9% de toda potência outorgada pela fonte biomassa como um todo, com 12.697 MW instalados (uma capacidade instalada superior à da usina Belo Monte, 11.233 MW) e 428 unidades em operação comercial. O licor negro, resultante do processo de fabricação de celulose, ocupa a 2ª posição na capacidade instalada pela fonte biomassa, com 3.335 MW e 22 unidades em operação, sendo seguido pelos resíduos florestais com 837 MW e 77 unidades.
Para 2025, a previsão é que biomassa em geral instale 793 MW novos à matriz elétrica brasileira, representando 8,1% do total de acréscimo de potência instalada no país por todas as fontes de geração (9.751 MW), um acréscimo acima da média anual da fonte biomassa observando-se os últimos 20 anos, que foi de 672 MW entre 2005 e 2024.
De 2005 a 2025, a biomassa terá inserido 14,2 mil MW à matriz elétrica brasileira, um valor superior à capacidade instalada pela Usina Itaipu (14 mil MW) e correspondente a 11% do total inserido no país no mesmo período (130.202 MW).
No período 2005-2025, a média anual de capacidade nova proporcionada pela fonte biomassa terá sido 678 MW, representando agregar uma usina hidrelétrica como Ilha Solteira - SP a cada cinco anos.
O recorde de expansão pela biomassa ocorreu no ano de 2010, com 1.750 MW, quando a fonte representou quase 30% da expansão no país, mostrando a capacidade do setor da biomassa em avançar no acréscimo de potência ao sistema.
É necessário continuarmos o trabalho de estimular a participação da biomassa tanto no mercado livre como no ambiente regulado, entregando potência e energia renovável ao sistema. Isto passa por tratar das externalidades patentes da bioeletricidade, como sua renovabilidade, descentralização, não intermitência, complementariedade às hídricas, dentre outras, proporcionando um ambiente institucional mais favorável à expansão dessa importante fonte na matriz elétrica brasileira.
Zilmar Souza é doutor em engenharia de produção e pós-doutor em economia. É pesquisador do Instituto Energia Sustentável (E-SUST) e gerente de bioeletricidade na UNICA.

