A Força da Paraíba na Transição Energética e na Descarbonização da Mobilidade
30-01-2025

A produção de etanol, açúcar e energia elétrica a partir do bagaço da cana-de-açúcar tem sido um dos pilares do desenvolvimento econômico e social do estado da Paraíba desde os anos 1970.

Por Edmundo Barbosa

 Mais do que um setor econômico estratégico, essas atividades são hoje fundamentais na luta contra as mudanças climáticas e no avanço da transição energética. A urgência em adotar políticas públicas que intensifiquem a descarbonização da mobilidade torna o etanol e seus derivados protagonistas em um futuro mais sustentável.

A contribuição do setor sucroalcooleiro para a descarbonização

O etanol brasileiro é reconhecido mundialmente como um biocombustível sustentável, com baixas emissões de gases de efeito estufa (GEE). Na Paraíba, ele se destaca não apenas como um vetor de desenvolvimento econômico, mas como uma solução prática e imediata para a descarbonização da mobilidade. Veículos flex já utilizam amplamente o etanol, e o avanço em tecnologias como o etanol de segunda geração e sua aplicação em motores híbridos e elétricos reforçam seu papel na transição para uma matriz energética mais limpa.

A necessidade de reduzir as emissões no setor de transporte é urgente. Ele é um dos maiores responsáveis pelas emissões globais de GEE, e a substituição dos combustíveis fósseis pelo etanol pode contribuir significativamente para atingir as metas climáticas. Além disso, a produção de etanol cria empregos verdes, promove a inovação e impulsiona a economia local.

Políticas públicas como motor da transição energética

A Lei 13.562/2025, que institui a Política Estadual de Incentivo à Transição Energética, é um marco para o avanço de fontes renováveis e sustentáveis na Paraíba. Seus objetivos, como a redução das emissões de GEE, o estímulo à adoção de energias limpas e o incentivo ao desenvolvimento de novas tecnologias, estão alinhados às demandas globais por sustentabilidade e descarbonização.

Os benefícios da lei para o setor sucroalcooleiro são significativos:

  • Incentivos para produção renovável: Mecanismos de financiamento e fomento à cadeia produtiva que utiliza fontes limpas, como o etanol e a bioeletricidade.
  • Estímulo à inovação: Apoio à pesquisa e ao desenvolvimento de tecnologias que aumentem a eficiência da produção e o uso de biocombustíveis.
  • Parcerias estratégicas: Promoção de colaborações entre governos, empresas e sociedade civil para acelerar a transição energética.
  • Educação e conscientização: Ações educativas que reforçam a importância de combustíveis limpos para o combate às mudanças climáticas.

Bioeletricidade: aproveitamento total da cana-de-açúcar

A geração de energia elétrica a partir do bagaço da cana-de-açúcar exemplifica o potencial de circularidade da cadeia produtiva. Ao transformar resíduos em bioeletricidade, as usinas ampliam sua contribuição para a transição energética, reduzindo a dependência de fontes fósseis e fornecendo energia limpa ao sistema nacional. Esse modelo é uma referência em eficiência e sustentabilidade, essencial para os desafios do desenvolvimento contemporâneo.

Impacto econômico e social

Com mais de 20 mil trabalhadores empregados diretamente, o setor sucroalcooleiro na Paraíba é um motor de geração de riqueza. Em 2024, as usinas já destinavam, em média, R$ 4,0 milhões por mês para folhas de pagamento, fomentando o comércio, os serviços e a produção rural. A lei estadual reforça o papel estratégico desse setor, criando um ambiente favorável para novos investimentos e expansão.

A urgência de acelerar a transição energética

O agravamento das mudanças climáticas exige ações imediatas. A ampliação do uso de biocombustíveis, especialmente o etanol, é uma solução viável e de rápida implementação para reduzir emissões e promover a sustentabilidade. No entanto, para alcançar um impacto significativo, é essencial fortalecer políticas públicas que priorizem a descarbonização da mobilidade.

Além disso, a integração entre etanol, bioeletricidade e veículos híbridos e elétricos precisa ser intensificada. O estímulo à modernização das frotas, acompanhado de subsídios e incentivos fiscais, pode acelerar a adoção de tecnologias limpas e fortalecer a economia verde.

O setor sucroalcooleiro da Paraíba é um exemplo claro de como a transição energética pode aliar desenvolvimento econômico e sustentabilidade. A Lei 13.562/2025 estabelece as bases para um futuro mais limpo, com incentivos à produção renovável, inovação e parcerias estratégicas. Investir no etanol, no açúcar e na bioeletricidade não é apenas uma estratégia econômica; é um compromisso com a mitigação das mudanças climáticas e com as futuras gerações. Por meio de políticas públicas robustas e da valorização de biocombustíveis, a Paraíba pode consolidar sua posição como líder na transição energética do Brasil.

Kiara Duarte

Fonte: Sindialcool