ACP Bioenergia capta R$ 100 milhões com fundo ligado à ONU
21-11-2024
Empréstimo deve apoiar projetos da empresa para conversão de pastos degradados em lavouras de grãos em Tocantins
Por Camila Souza Ramos — São Paulo
Uma das maiores fornecedoras independentes de cana-de-açúcar para usinas, a paulista ACP Bioenergia captou R$ 100 milhões com o Rabobank , com recursos do fundo Agri3, que tem apoio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP), do IDH e do banco holandês de desenvolvimento FMO.
O financiamento, destravado após a ACP se comprometer com metas socioambientais, deve apoiar a conversão de pastos degradados em lavouras de grãos, entre outros projetos, e tem vencimento em dez anos.
Segundo Caio Marchini, diretor financeiro da ACP, as metas foram estabelecidas em comum acordo entre a empresa e o Rabobank ao longo de cerca de um ano de negociação. “O banco nos provocou, porque já conhecia nossas ações e a forma como a gente opera”, relata.
A companhia começou a cultivar soja e milho em 2019 em Tocantins e planeja continuar expandindo sua produção de grãos como parte de sua estratégia de diversificação de culturas e de presença geográfica. Além de apoiar esse plano, os recursos levantados junto ao Agri3 também financiarão outros investimentos, disse o executivo.
“O grande foco da operação é a conversão de áreas degradadas em áreas produtivas. Majoritariamente, o uso [desse recurso] vai para esse Capex, mas não necessariamente. O dinheiro não é carimbado, não vou precisar prestar contas de onde vou aportar o recurso, não tem obrigatoriedade. Mas temos muita prioridade para a conversão de áreas em Tocantins. Temos vários investimentos lá”, afirmou.
Atualmente, a ACP possui em Tocantins dois polos de cultivo de grãos — em Marianópolis e em Lagoa da Confusão — e participa de uma joint venture com a Agrojem e a Czarnikow para erguer uma planta de etanol de milho em Miranorte, também no Estado. A conversão de pastos degradados permitirá a expansão da área de cultivo de grãos e a captura de carbono hoje emitido pelas pastagens.
Segundo Marchini, o plantio de grãos foi feito em “áreas desmatadas há décadas atrás, que já estão degradadas, não são mais produtivas, e na média são usadas para pecuária de baixo rendimento”. Na safra atual (2024/25), a ACP deve cultivar grãos em 22 mil hectares. A empresa ainda pretende utilizar 60% dessa área para o plantio de milho safrinha, o que deve totalizar 35 mil hectares semeados nesta temporada.
Para destravar o financiamento do Agri3, a ACP também se comprometeu com outras práticas agronômicas sustentáveis, como ampliar suas biofábricas de insumos, intensificar a substituição de produtos químicos por biológicos e aumentar a compostagem de resíduos para também substituir o uso de insumos químicos.
A companhia ainda comprometeu-se a realizar um inventário de suas emissões de gases de efeito estufa e, posteriormente, a realizar o monitoramento de seu balanço de carbono, além de manter suas certificações com o programa de sustentabilidade Vive, da trading Czarnikow. Um outro compromisso é a realização de treinamento e capacitação de pessoas em regiões com baixa disponibilidade de mão de obra para o agronegócio.
Fonte: Globo Rural

