Açúcar cai ao menor nível em mais de quatro anos
25-11-2025
Revisões no superávit global e avanço do mix de etanol no Centro-Sul reduzem oferta, mas não mudam percepção baixista
Por Andréia Vital
As cotações do açúcar atingiram nesta semana o menor patamar desde 2020, em meio à combinação de fundamentos ainda folgados no médio prazo e ajustes no mix de produção do Centro-Sul. O Radar Agro da XP destaca que, embora os dados mais recentes da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA) indiquem maior direcionamento para etanol, o movimento não foi suficiente para alterar o humor do mercado.
Na 2ª quinzena de outubro, o mix de etanol alcançou 53,98%, ligeiramente acima das expectativas. O dado sugere que usinas devem encerrar a safra 2025/26, e iniciar 2026/27, com viés mais alcooleiro. Ainda assim, o Centro-Sul segue apto a entregar cerca de 41 milhões de toneladas de açúcar, mesmo com a redução marginal da oferta.
Segundo analistas da XP, embora a mudança no mix tenda a limitar o volume disponível no curto prazo, não há catalisadores relevantes para sustentar uma alta consistente dos preços no mercado internacional.
No cenário externo, consultorias vêm revisando para baixo o superávit global de 2025/26, refletindo menor produção no Brasil, excesso de chuvas que reduziu a sacarose na Índia e menor oferta de beterraba na Europa. Mesmo assim, o volume ainda indica disponibilidade confortável.
Com preços mais baixos, surgiram sinais de demanda mais ativa, o que contribuiu para uma leve recuperação das cotações na semana passada.
O mercado já mira uma safra 2026/27 robusta no Brasil, o que reforça a leitura de oferta confortável no médio prazo. Além disso, mesmo após revisões negativas, as safras do Sudeste Asiático seguem fortes. Outro ponto monitorado é o fato de os preços da gasolina da Petrobras estarem acima da paridade de importação, o que abre espaço para eventuais ajustes e pode afetar a competitividade do etanol.
Do lado altista, o avanço do mix de etanol no Centro-Sul tende a reduzir a oferta de açúcar no curto prazo. Além disso, a revisão para baixo do superávit global adiciona algum suporte aos preços, embora ainda insuficiente para alterar a tendência predominante.

