Açúcar: Saiba como o La Niña vai impactar produção no mercado global
05-06-2024

  • O atual estado dos ENSOS indica que a transição para o La Niña ocorrerá um pouco mais tarde que o previsto, com o fenômeno se tornando mais ativo durante o terceiro trimestre.
  • No Brasil, o fenômeno tende a beneficiar a colheita de cana, devido ao baixo nível de chuvas e maior temperatura. Porém, também aumenta o risco de queimadas e geadas. Um La Niña mais intenso a partir do 3T também pode levantar preocupações em relação ao desenvolvimento da safra 25/26.
  • Para o Hemisfério Norte, um La Niña moderado pode trazer benefícios para a produção, especialmente para a Índia.
  • Na América Central, pode-se ter maiores riscos em relação à temporada de furações.
  • Na Tailândia, o evento pode trazer chuvas acima da média e afetar a qualidade da cana.

O mercado de commodities agrícolas está estritamente ligado aos padrões climáticos, como La Niña e El Niño, devido ao impacto destes na oferta dos produtos. A depender do estado de desenvolvimento da safra em questão, esses fenômenos climáticos podem tanto beneficiar quanto prejudicar o rendimento do produto agrícola. O tema é abordado em relatório pela Hedgepoint Global Markets.

“De fato, em nossos últimos relatórios já mencionamos alguns dos impactos que podem ser trazidos pela transição do fenômeno El Niño para o La Niña. Assim, neste relatório nosso objetivo é aprofundar um pouco mais nos possíveis cenários e riscos para o setor sucroenergético com essa mudança climática”, diz Laleska Moda, analista de Inteligência de Mercado da Hedgepoint.

“Primeiramente, é importante destacar que houve uma mudança nas expectativas iniciais, com a transição do El Niño para La Niña devendo ocorrer um pouco mais tarde do que o previsto, no final do 2T para o início do 3T. Com isso, o La Niña deverá ter seu maior efeito no 3T, trazendo algumas mudanças nos possíveis impactos nas lavouras de cana e beterraba açucareira”, destaca.

“Antes de discutirmos os possíveis efeitos do La Niña é importante entender as condições ideias de cultivo da cana-de-açúcar e beterraba, as matérias primas na produção de açúcar e etanol. Ambas as culturas necessitam de chuvas no período de desenvolvimento, porém, enquanto a cana é adequada para climas subtropicais, a beterraba é típica de climas temperados, tolerando menores temperaturas”, explica a analista.

Ainda assim, condições extremas (seca, calor e frio) afetam a produtividade dessas culturas. Como exemplo em 22/23 tanto a produção do Brasil como da UE oram afetadas por secas no verão e um inverno mais rigoroso.

“Portanto, entender quais as mudanças climáticas trazidas pelo La Niña e em qual período – uma vez que cada país e região tem seu calendário de safra – pode nos trazer algumas perspectivas para os próximos meses”, explica.

Um evento La Niña se caracteriza pela diminuição da temperatura da superfície das águas do Oceano Pacífico Tropical Central e Oriental e pela consequente intensificação dos ventos alísios, que empurram ainda mais água quente para a Ásia, reduzindo significativamente a temperatura da costa oeste das Américas.

Mas então, quais seriam os efeitos de um La Niña na produção de açúcar ao redor do globo?

Brasil

“No País, um evento moderado tende a trazer um inverno mais seco no Centro Sul, podendo beneficiar a colheita da safra 24/25”, acredita. Entretanto, um La Niña mais intenso poderia trazer geadas e incêndios levando à rendimentos mais baixos e aceleração do ritmo de moagem. Além disso, caso o período de seca se estenda durante a primavera – uma vez que o La Niña deve ser mais intenso no 3T – o desenvolvimento da temporada 25/26 poderia ser prejudicado, assim como em 20/21, quando o Brasil registrou moagem de apenas 523Mt.

Índia

“Um La Niña moderado traz a chance de um período de monções favorável”, observa. O governo Indiano inclusive apontou recentemente que a maior parte do país provavelmente receberá monções acima da média, o que deve auxiliar no desenvolvimento da safra açucareira de 24/25. No entanto, se muito intenso, pode trazer inundações.

Europa

“De forma geral, os padrões climáticos têm pouco efeito e correlação com precipitações e temperaturas no bloco, sendo que tanto um La Niña ou um El Niño podem ser responsáveis ??por um leve aumento na precipitação entre março e agosto, podendo favorecer o estágio de desenvolvimento da beterraba”, aponta. Entretanto, um evento La Niña pode levar à menores volumes de precipitações durante setembro a novembro, durante o pico de colheita da beterraba, o que pode auxiliar nos trabalhos de campo.

América Central

“Um La Niña moderado tende a intensificar as chuvas durante a fase de desenvolvimento da cana (junho a setembro), podendo ser benéficas para a produção, caso não sejam em excesso. Neste último cenário, as precipitações podem atrasar ou atrapalhar o ritmo da safra, além de poderem reduzir o teor de sacarose”, destaca. Além disso, vale destacar que o evento pode intensificar temporada de furacões na região, potencialmente trazendo danos às lavouras.

Tailândia

“O La Niña tem baixa correlação climática com o nível de precipitações e temperatura no país entre setembro e novembro, mas, caso muito intenso, poderia levar à menores níveis de chuvas”, analisa. A maior correlação do evento, no enteando, ocorre entre março e maio, podendo trazer seca justamente no período de colheita na Tailandia, o que beneficiaria as atividades.

Em resumo, eventos climáticos como o El Niño e La Niña tendem a trazer impactos (positivos ou negativos) na produção commodities agrícolas, como o açúcar. Os próximos meses serão justamente marcados pela transição – ainda que mais tarde do que prevista – do primeiro evento para o La Niña.

Os impactos desse evento na produção açucareira variam de região para região e pela intensidade do fenômeno. Um La Niña moderado pode beneficiar a produção de açúcar trazendo um inverno mais seco no CS e uma estação de monções acima da média. Porém, se muito intenso, pode provocar inundações e reduzir a incidência de luz solar no Hemisfério Norte, intensificar temporada de furacões na América Central e ameaçar o desenvolvimento da safra 25/26 no CS.

Acesse o relatório completo clicando aqui.

Sobre a Hedgepoint Global Markets

A Hedgepoint Global Markets é uma empresa especializada em gestão de risco, inteligência de mercado, e execução de hedge para a cadeia de valor global de commodities, com larga experiência nos mercados agrícolas e de energia. Está presente em cinco continentes e oferece aos clientes produtos de hedge baseados em tecnologia e inovação, mantendo o cliente como ponto central de todos os processos. A companhia trabalha com mais de 60 commodities e mais de 450 produtos de hedge em sua plataforma.

Fonte: hEDGEpoint Global Markets

Do site: Udop