Agrishow: conectividade abrange um terço das áreas rurais do país
01-05-2025
Atualização de índice elaborado pela ConectarAgro aponta aumento de 19% para 33% em um ano, mas investimentos se restringem a produtores e iniciativa privada
Por Igor Savenhago* | Ribeirão Preto (SP)
A atualização do Índice de Conectividade Rural (ICR) da ConectarAgro, associação que promove soluções tecnológicas para estimular a expansão do acesso a redes de telecomunicação, revela que um terço dos cerca de 95 milhões de hectares ocupados por propriedades rurais no Brasil está conectado.
A divulgação do levantamento foi feita na Agrishow, feira de tecnologia agrícola em Ribeirão Preto (SP). Em relação ao mesmo período do ano passado, quando o ICR foi lançado, houve aumento. Na época, o índice estava em 19%.
Apesar disso, a presidente da associação, Paola Campiello, afirma que os desafios ainda são imensos. Isso porque a maioria dos investimentos é feita pelos próprios agricultores e pela iniciativa privada. “Uma das nossas maiores bandeiras é disponibilizar informação e mobilizar pessoas e instituições sobre a importância de conectar o campo. Para isso, é preciso lutar por políticas públicas, que têm uma participação muito pequena”, afirma.
Prova disso, segundo ela, é o baixíssimo uso do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (FUST), que, desde 2001, acumulou R$ 58 bilhões para a realização de projetos de comunicação social. No entanto, somente R$ 220 milhões foram aplicados até hoje, o que corresponde a apenas 0,7% do montante.
A ConectarAgro requisita que parte do FUST seja direcionada à implementação de tecnologias de comunicação no campo, mas a resposta tem sido negativa. O argumento do governo é que, até 2026, o dinheiro será direcionado a conectar escolas. “Nesse aspecto, a gente entende que conectar escolas não significa, necessariamente, conectar a educação. Por que não trazer projetos mais amplos, estendendo a conexão às casas de alunos que não têm condições de acesso?”, questiona Paola.
A presidente da associação afirma que tem feito movimentos incisivos para levantar verbas. “Uma forma de abordagem a que estamos recorrendo é brigar por emendas parlamentares”. Como resposta às reivindicações, o Ministério das Comunicações tem divulgado que, dentro de três anos, 100% das áreas rurais serão cobertas no Brasil, mas, segundo Paola, as possibilidades para que isso aconteça são remotas. “Se, até hoje, conseguimos 33%, é difícil imaginar que vamos atingir a totalidade das propriedades em um tempo tão curto”.
Entre as unidades da federação, o Distrito Federal lidera em conectividade, conforme o ICR, com cerca de 75% das áreas rurais cobertas. São Paulo vem em segundo, com 72%, seguido por Sergipe, com 71%, Rio de Janeiro, com 65%, e Ceará, com 61%. No final da lista, estão Rondônia, com 20%, Acre, com 19%, Amapá, com 17%, Roraima, com 16%, e Amazonas, com 12%. O Mato Grosso, principal produtor agrícola no Brasil, está entre os mais baixos índices, com 22%.
Mais 6 milhões de hectares
O assunto foi debatido em coletiva de imprensa nessa terça-feira, 29, realizada pela Tim, uma das parceiras da ConectarAgro. De acordo com Alexandre Dal Forno, diretor de IoT e 5G da empresa, a Tim leva conectividade a 20 milhões de hectares de áreas rurais no país e, até o final deste ano, deve atingir 26 milhões.
Três ações foram anunciadas neste sentido. A primeira é uma parceria com a Pedra Agroindustrial para a que Tim conecte um milhão de hectares do grupo, sendo 250 mil de área produtiva. Com isso, serão contempladas três usinas, uma fazenda de pecuária e soja, 37 mil moradores de regiões atendidas, 4,5 mil máquinas e equipamentos agrícolas, 4 mil propriedades rurais, 4 unidades básicas de saúde e 9 escolas públicas de áreas rurais.
Outra parceria é com a Usina Uberaba, do Grupo Balbo, que terá mais de 200 equipamentos conectados, o que vai permitir, por exemplo, identificação de falhas nos canaviais e rapidez na correção. O projeto também vai contribuir para expandir a conectividade em rodovias do estado, já que a Usina Uberaba fica próxima à MG-452 e à MG-190. que são de concessão da EPR e cobertas pelo 4G da TIM.
Em 2023, TIM e EPR já haviam anunciado a cobertura de mais de mil quilômetros de rodovias no Triângulo Mineiro e no Sul de Minas Gerais, atendendo 2,5 milhões de pessoas em 38 localidades cortadas pelas vias.
Já a terceira medida é uma parceria com a Orbia, que vai permitir que produtores acumulem pontos e possam trocá-los por conectividade da Tim.
Ainda na feira, marcas do Grupo AGCO já haviam divulgado parceria com a Tim para aprimorar a operacionalização de máquinas agrícolas. “Com isso, a Tim, além de ampliar a jornada digital dos produtores rurais brasileiros, promove benefícios sociais ao permitir que as comunidades do entorno usufruam dos projetos que buscam melhorar a conectividade no campo”, diz Dal Forno.
*Jornalista viajou a convite da CDI Comunicação
Fonte: Estadão

