Aliar glifosato a um herbicida de longo residual reduz o banco de sementes de plantas daninhas
20-02-2020

Centenas de espécies de plantas daninhas se encontram em estado de dormência nos canaviais brasileiros esperando o momento ideal para eclodir.  Foto: Leonardo Ruiz
Centenas de espécies de plantas daninhas se encontram em estado de dormência nos canaviais brasileiros esperando o momento ideal para eclodir. Foto: Leonardo Ruiz

Essa técnica utilizada no momento da dessecação do canavial é alternativa eficaz para desinfestação da área e redução do banco de sementes

São centenas de espécies de plantas daninhas em estado de dormência nos canaviais brasileiros que esperam o momento ideal para eclodir, iniciando uma severa competição com a cana-de-açúcar por água, luz e nutrientes. Estima-se que existam de 300 milhões a 1 bilhão de sementes adormecidas por hectare na camada de 10 cm do solo. Portanto, reduzir esse banco de sementes é essencial para que a cana se desenvolva ao longo dos ciclos expressando seu máximo potencial produtivo.

Para o professor associado 3, do Departamento de Produção Vegetal da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) da Universidade de São Paulo (USP), Pedro Jacob Christoffoleti, o momento ideal para reduzir esse banco de sementes é durante a reforma do canavial. “Caso a desinfestação não seja realizada, a cana irá nascer enfrentando intensos problemas de competição com as ervas infestantes, que estarão com níveis populacionais altíssimos devido à não adoção de métodos de controle.” O pesquisador destaca que essa técnica é fundamental também para o manejo das plantas daninhas perenes, como as brachiarias, grama-seda e a tiririca, que são muito difíceis de serem controladas após a implantação do canavial.

O ponto de maior atenção, segundo o pesquisador, é na hora da dessecação da área. Neste momento, ele recomenda o uso de glifosato aliado a um herbicida de longo residual. “A associação dessas duas moléculas no tanque de pulverização só trará benefícios. O glifosato irá controlar as plantas em pós-emergência. Já o herbicida dará um efeito residual no banco de sementes. Consequentemente, o nível de infestação estará menor na hora do plantio, o que facilitará o controle das plantas daninhas na cana-planta, com reflexos positivos também nas soqueiras subsequentes.”

Pedro Jacob Christoffoleti: “Durante a dessecação, o glifosato irá controlar as plantas em pós-emergência. Já o herbicida dará um efeito residual no banco de sementes”

Foto: Micaela Marques

De acordo com Christoffoleti, muitos ainda desconhecem os benefícios dessa técnica. Talvez por esse motivo, ela ainda não seja tão empregada pelo setor. “Às vezes, o produtor a evita por acreditar que implicará num maior desembolso. Mas ele não percebe que este custo adicional compensa pela menor necessidade de manejo posterior na cana-planta.”

O pesquisador ressalta que o plantio é um dos processos mais caros da agroindústria canavieira. É também onde se encontra o maior potencial produtivo da propriedade. “Dessa forma, o manejo de plantas daninhas deve ser feito da forma mais esmerada possível, já que até mesmo baixas infestações são suficientes para reduzir a rentabilidade e a produtividade das áreas.”

 

Fonte: CanaOnline