Aplicação de calcário na soqueira gera diversos benefícios para a cana
07-10-2019

Além de melhorar a absorção de fósforo, o cálcio e o magnésio – componentes do produto – são importantes para o desenvolvimento da planta

A otimização do manejo da cultura de cana-de-açúcar inclui, atualmente, um interesse cada vez maior de usinas e produtores pela aplicação de calcário nas soqueiras. Além de ser utilizado para a correção de pH, o calcário é uma boa fonte de cálcio e magnésio para a lavoura, possibilitando também uma melhoria na disponibilização de fósforo para a planta, o que contribui para a elevação da produtividade agrícola da cana-de-açúcar. O período mais chuvoso do ano, que geralmente começa em novembro, cria inclusive condições favoráveis para a aplicação de calcário.

“O uso de óxidos em cana tem aumentado tanto para o sulco de plantio como na soqueira devido aos resultados bastante positivos”, constata o engenheiro agrônomo Auro Pardinho, gerente de marketing da DMB Máquinas e Implementos Agrícolas. Segundo ele, o objetivo da aplicação do calcário na soqueira de cana é mais voltado à nutrição com cálcio e magnésio do que à correção do solo. “Melhora também a absorção de fósforo pela planta”, destaca.

O calcário de alta reatividade tem bastante cálcio e magnésio, que são importantes para a cana-de-açúcar. “O cálcio é um elemento indispensável para a formação da parede celular. O magnésio é o elemento central da clorofila. A planta é exigente em magnésio, porque precisa das células dessa substância para fazer fotossíntese”, explica.

Com o cálcio e o magnésio juntos, obtém-se uma planta bem desenvolvida, com boa folhagem e coloração verde marcante por causa da clorofila – resume. Os dois elementos melhoram a absorção do fósforo pela planta, que fica parcialmente retido no solo após a aplicação desse fertilizante – ressalta. “Vários trabalhos, inclusive da Embrapa, comprovam essa ação do cálcio e magnésio”, observa.

De acordo com Auro Pardinho, a recomendação é o uso do calcário de alta reatividade na soqueira, que precisa de pouca chuva – em torno de 200 mm – para ser solubilizado. “Em dois meses no máximo, na época de chuva, já está pronto para ser absorvido pela planta”, enfatiza.

O de baixa reatividade – compara – apresenta dois problemas: os teores de cálcio e magnésio são menores e não tem uma pronta atividade no solo “Precisa de muito tempo para solubilizar, requer um volume entre 2000 a 3000 mm de chuva. Se for aplicado na soqueira, não vai ser aproveitado de imediato, pois só estará disponível no ano seguinte”, diz.

Além disto, com Poder Relativo de Neutralização Total (PRNT) bastante baixo, o calcário comum exige alta dosagem, que pode chegar a duas toneladas por hectare. O de alta reatividade tem um PRNT alto e requer uma dosagem mais baixa – detalha.

Distribuidor de adubo e calcário - Para que não ocorra desperdício, a aplicação de calcário de alta reatividade exige, no entanto, o emprego de uma tecnologia eficaz. “A utilização de calcário é geralmente associada à aplicação em área total, em superfície. Quando se pensa em soqueira, é preciso aplicar na linha de cana”, comenta. Para isto, existe a necessidade de contar com um equipamento que ofereça condições para que o calcário chegue ao ponto de aplicação.

Com essa preocupação, a DMB desenvolveu o Distribuidor de Adubo e Calcário – lançado na Agrishow 2018 –, dotado de um dispositivo que aplica calcário com total fluidez. “O equipamento aplica a dose recomendada de maneira homogênea. A mangueira é regulada para que a aplicação seja feita ao lado da linha da cana”, afirma.

A utilização do calcário sempre foi muito complicada. “Nos sistemas convencionais, costuma aderir às paredes dos equipamentos, formando túneis que dificultam a saída do produto”, observa. Após a realização de um minucioso trabalho, a Engenharia da DMB desenvolveu uma tecnologia inovadora que viabiliza a aplicação do calcário na linha de cana de maneira regular e constante, sem falhas. O mesmo processo é utilizado na distribuidora de calcário da Plantadora de Cana Picada PCP 6000 Automatizada, da DMB, que possibilita o uso desse produto na mesma operação de aplicação do adubo. 

O Distribuidor de Adubo e Calcário possui também tecnologia para a aplicação de fertilizante sob a palha, enterrando o insumo. Na soqueira, ocorre geralmente a utilização da fórmula NK (Nitrogênio e Potássio). O fósforo (P) dificilmente é aplicado na soqueira, a não ser que seja uma quantidade pequena para a complementação do que foi aplicado durante o plantio – diz Auro Pardinho. Em alguns casos, a opção torna-se então o uso da fórmula NPK. 

Com caixas separadas para os dois insumos (fertilizante e calcário), o Distribuidor de Adubo e Calcário corta a palha e deposita o fertilizante exatamente onde cresce o sistema radicular da cana. O equipamento oferece a opção de aplicação do adubo em superfície, o que não é recomendado, na maioria das situações, devido à perda de parte de nutrientes. No caso do calcário, o distribuidor faz a aplicação somente em superfície – de acordo com solicitação do mercado – com uniformidade e eficiência, possibilitando o máximo aproveitamento do produto.