Após boom, uso de MPB cai drasticamente pelo setor
01-04-2025

Necessidade de irrigação e restrições em relação à mão de obra seriam os principais motivos para essa queda

O ano era 2019, e a porcentagem de empresas do setor bioenergético que utilizava Mudas Pré-Brotadas (MPBs) de cana-de-açúcar em seu processo era de 92%. Desde então, esse número vem caindo gradativamente, chegando a 69,5% este ano. As informações são da pesquisa “novas técnicas de plantio”, divulgada na última semana durante reunião do Grupo Fitotécnico de Cana-de-Açúcar.

Segundo o coordenador da pesquisa, Rubens Braga Júnior, as MPBs continuam sendo bastante utilizadas pelas empresas do setor, especialmente por aquelas que desejam renovar seus planteis mais rapidamente e que buscam a formação de canaviais com maior sanidade.

No entanto, a necessidade de irrigação e a falta de mão de obra estariam causando um enfraquecimento no uso dessa ferramenta. Problemas na multiplicação por falta de mudas, crescimento da infestação por Sphenophorus levis e dificuldades no acesso também estariam entre os catalisadores desses números.

“Um menor uso de MPB também acaba impactando negativamente a utilização de determinadas modalidades de plantio e, consequentemente, a qualidade dos novos canaviais. A Meiosi, por exemplo, registrou forte retração nos últimos anos: de 27,8% em 2020 para 8,7% em 2025. A Cantosi também apresentou queda: de 11,9% no ano passado para 7% este ano. O replantio com MPB é outra prática em queda livre. Em 2018, o número de empresas que utilizava essa modalidade era de 38,6%. Ano passado, a porcentagem foi de apenas 11,5%”, relata Braga Júnior.

Para o consultor, outro dado preocupante é o fato de que quase 90% das mudas utilizadas para o plantio dessa safra vieram de áreas comerciais, mostrando que o setor estaria abandonando a prática de viveiros, essenciais para a formação de canaviais de alto desempenho. “Este ano, as MPBs originaram menos de 4% das mudas para plantio. Em 2018, esse número era de quase 10%.”

A pesquisa também revelou que as regiões que mais utilizam MPBs proporcionalmente são Jaú e Ribeirão Preto, ambas no estado de São Paulo, e o Mato Grosso do Sul. Já Minas Gerais e as regiões paulistas de Araçatuba e São José do Rio Preto ocupam as últimas posições desse ranking.

Com informações de 203 unidades distribuídas em 16 estados brasileiros, totalizando 964 mil hectares amostrados em áreas de renovação, a pesquisa apontou que 141 empresas devem plantar MPBs em 2025, sendo que 37,9% produzirão suas próprias mudas. Esse, aliás, é outro indicador que vem registrando queda. Em 2020, a porcentagem de companhias bioenergéticas que possuía produção própria era de quase 60%.

Por fim, o estudou mostrou que as variedades mais utilizadas para o plantio com MPB este ano serão: RB075322, RB127825, CTC9008, IACCTC07-7207 e CTC3445. Para 2026, a lista das preferidas sofre algumas alterações: RB127825, RB055464, BR075322, CTC3445 e IACCTC07-7207.