As variedades de cana RB são as mais cultivadas no Brasil
05-11-2024

A Ridesa atua com foco no melhoramento convencional aliado a ferramentas de biotecnologia

Em 1971, o Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA) criava o Planalsucar, um programa nacional de melhoramento de cana-de-açúcar com o objetivo de elevar a produtividade agrícola da cultura através do desenvolvimento de novos materiais genéticos.

Lançadas no mercado com a sigla RB, as variedades desenvolvidas durante o programa rapidamente tomaram conta dos canaviais brasileiros, com muitas delas ocupando, até os dias de hoje, expressiva porcentagem da área cultivada no país.

Dados do Censo Varietal Safra 2023/24, do Centro de Cana do Instituto Agronômico (IAC), indicam que as variedades RB compõem 50,4% da área total cultivada na região Centro-Sul do país. Na segunda colocação, aparecem os materiais SP, com 34,4%.

Essa alta concentração de variedades RB alia materiais modernos ao já consagrados, como é o caso da RB867515, que ocupou, na safra 2023/24, a terceira posição no ranking de cultivo do Centro-Sul, com 11,6% de participação. RB966928, RB975242, RB92579, RB975201 e RB855156 são outros líderes do plantel da grande maioria das usinas e agrícolas brasileiras.

Atualmente, as variedades RB são desenvolvidas pela RIDESA – Rede Interuniversitária de Desenvolvimento do Setor Sucroenergético, grupo composto por 10 universidades e que absorveu todo o trabalho de pesquisa desenvolvido pelo Planalsucar após sua extinção em 1990.

A RIDESA não apenas deu continuidade ao programa de criação de variedades, mas ampliou seu escopo a fim de atender à crescente demanda do setor, inclusive com materiais que permitiram a ampliação dos períodos de colheita (variedades precoces). Para se ter uma noção da expansão do programa, na safra 1990/91, as variedades RB representavam apenas 5% da área cultivada com cana-de-açúcar no Brasil.

Atualmente, o programa de melhoramento de cana-de-açúcar da UFSCAR/RIDESA é coordenado por Hermann Paulo Hofmann, formado em engenharia agronômica e que atuou como pesquisador no Planalsucar até migrar para a RIDESA na década de 1990.

Segundo ele, a Rede atua com foco no melhoramento convencional aliado a ferramentas de biotecnologia, procurando desenvolver materiais produtivos e adaptados às mais diferentes condições edafoclimáticas encontradas no Brasil e ao modelo de produção atual de cana-de-açúcar.