Biometano se destaca como combustível estratégico na descarbonização do transporte
10-07-2025
Relatório da EPE revela que o biometano emite até 2,5 vezes menos CO₂ que a eletricidade veicular
O biometano vem ganhando protagonismo como uma das principais alternativas sustentáveis para a redução das emissões no transporte rodoviário brasileiro. Essa constatação faz parte da nota técnica “Descarbonização do setor de transporte rodoviário – Intensidade de carbono das fontes de energia”, elaborada pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) — vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME).
O estudo detalha a intensidade de carbono das fontes energéticas mais utilizadas no transporte, com base na metodologia de avaliação do ciclo de vida, do chamado “poço à roda” — ou seja, desde a origem da energia até o uso final nos veículos.
Produzido a partir da purificação do biogás originado de resíduos agropecuários e urbanos, o biometano se apresenta como uma solução renovável e limpa, adequada tanto para veículos leves quanto pesados. Além disso, seu uso é facilitado pela infraestrutura já existente do gás natural.
O estudo destaca que o biometano pode ser produzido próximo aos centros de consumo, o que o torna ideal para frotas corporativas e sistemas de abastecimento regional, promovendo o desenvolvimento de áreas ainda pouco atendidas pela rede energética.
Segundo a análise da EPE, o biometano apresentou uma intensidade de carbono de apenas 8,35 gCO₂eq/MJ (gramas de dióxido de carbono equivalente por megajoule) em 2024 — um valor significativamente inferior ao da eletricidade veicular, que apresenta emissões mais elevadas dependendo da matriz energética local.
Essa performance ambiental foi calculada com base nas certificações do Programa RenovaBio, utilizando dados de unidades com 100% de volume elegível para a emissão de CBIOs (Créditos de Descarbonização). A expectativa, segundo o relatório, é de que essa média se mantenha estável ao longo da próxima década.
Biometano integra metas do Programa Mover e políticas nacionais de mobilidade limpa
A publicação da nota técnica também tem como objetivo subsidiar as decisões do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) na formulação das metas do Programa Mover — uma iniciativa estratégica que visa incentivar tecnologias veiculares sustentáveis no país.
Esse programa foi oficialmente incorporado às políticas públicas com a promulgação da Lei do Combustível do Futuro (Lei 14.993/2024), que estimula o uso de combustíveis de baixo carbono e o avanço de tecnologias limpas, reforçando o compromisso nacional com uma mobilidade ambientalmente responsável.
Embora ainda em fase de desenvolvimento, o mercado brasileiro de biometano mostra expansão contínua. Até abril de 2025, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) já havia autorizado o funcionamento de 12 unidades produtoras. Caso os investimentos em andamento se confirmem, mais 35 usinas poderão iniciar operação até 2027, elevando a capacidade instalada para mais de 2,1 milhões de metros cúbicos por dia.
Esse avanço demonstra o crescente interesse do setor energético na diversificação da matriz de combustíveis e na consolidação do biometano como alternativa viável e escalável.
Além do foco no biometano, o estudo da EPE apresenta projeções para outros combustíveis — como gasolina, diesel, etanol, biodiesel e eletricidade — até o ano de 2034, considerando a evolução tecnológica e a adoção de práticas sustentáveis na produção agrícola e industrial.

