Biometano tem potencial para substituir um terço do gás natural em São Paulo
08-09-2025
Um levantamento apresentado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) projeta que o biometano pode substituir até 32% do consumo de gás natural no estado, com produção estimada em 6,4 milhões de metros cúbicos por dia. Além de reduzir em até 16% as emissões de carbono, a expansão do combustível renovável poderia gerar 20 mil novos empregos e ampliar a competitividade industrial paulista.
O estudo, elaborado em parceria com consultorias e entidades estratégicas, foi debatido no Departamento de Infraestrutura (Deinfra) da Fiesp. Para André Rebelo, diretor executivo de Gestão da federação, o desafio é estruturar um mercado robusto. “Precisamos de massa crítica para viabilizar a cadeia, o que apenas alguns segmentos conseguem oferecer”, afirmou.
Hoje, a capacidade instalada de biometano em São Paulo gira em torno de 400 mil m³/dia, mas, segundo Tiago Santovito, diretor executivo da ABiogás, o estado pode atingir 6 milhões de m³/dia até 2030. O entrave principal, porém, está na infraestrutura logística, que precisa conectar oferta e demanda por meio de rodovias, dutos e sistemas de distribuição.
A subsecretária de Energia e Mineração da Semil, Marisa Barros, reforçou que o combustível está inserido no plano estadual de descarbonização até 2050. Já a Prefeitura de São Paulo destacou resultados práticos: com 27 carretas e 22 caminhões movidos a biometano, a cidade economiza 65 mil litros de diesel por mês e reduz 95% das emissões, o equivalente ao plantio de 134 mil árvores ao ano.
O presidente do Cosag/Fiesp, Jacyr Costa, defendeu a criação de um marco regulatório estadual e investimentos em infraestrutura para acelerar o mercado. Representando o governo federal, o diretor do MME, Marcello Weydt, destacou que o biometano integra a Lei do Combustível do Futuro e que a prioridade é ampliar a oferta a preços competitivos.
Do lado empresarial, representantes da Única, da Abividro e do setor cerâmico (Aspacer e Anfacer) destacaram que o biometano é estratégico não apenas para a transição energética, mas também para reduzir custos e ampliar a sustentabilidade das indústrias. Porém, alertaram que atrelar seu preço ao gás natural – um dos mais caros do mundo – pode limitar a competitividade.
Os especialistas convergiram no diagnóstico de que o biometano deve atuar de forma complementar a outras soluções, como a eletrificação e o hidrogênio verde. Para destravar o potencial do setor, serão necessários investimentos em logística, certificação de origem e incentivos fiscais, além de políticas coordenadas de oferta e demanda.

