BNDES e Finep liberam R$ 625 milhões para nova planta de etanol de milho da São Martinho em Goiás
12-08-2025

Investimento bilionário amplia produção, fortalece exportações, reduz emissões e impulsiona inovação tecnológica no setor sucroenergético

A São Martinho vai ampliar de forma expressiva sua presença no segmento de etanol de milho com a construção de uma nova planta anexa à Unidade Boa Vista, localizada em Quirinópolis - GO. O projeto, orçado em mais de R$ 1,18 bilhão, terá financiamento aprovado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no valor de R$ 625 milhões, contando também com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Com a expansão, a companhia estima reduzir, anualmente, cerca de 380 mil toneladas de emissões de CO₂ equivalente, reforçando seu compromisso com a sustentabilidade e a transição energética.

O financiamento combina diferentes linhas e fontes: R$ 500 milhões do Fundo Clima, instrumento da Política Nacional sobre Mudança do Clima vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA); R$ 125 milhões via linha Finem; e R$ 102,8 milhões provenientes da Finep. Essa estrutura cobre aproximadamente 53% do total investido, sendo os R$ 452,2 milhões restantes provenientes de recursos próprios da São Martinho.

Além do impacto ambiental positivo, o projeto é estratégico para a cadeia produtiva nacional, já que 34,1% do valor será destinado à compra de equipamentos fabricados no Brasil — percentual que pode variar conforme ajustes operacionais e contratuais. A companhia também espera que a iniciativa impulsione as exportações de etanol brasileiro, ampliando o superávit comercial e gerando divisas em dólar.

A nova planta terá capacidade para processar 635 mil toneladas de milho por ano e produzir 270 mil m³ de etanol, com flexibilidade para priorizar a produção de anidro ou hidratado, de acordo com a demanda e estratégia comercial. Entre os coprodutos, destacam-se cerca de 13 mil toneladas de óleo de milho e 170 mil toneladas de DDGs (Distiller’s Dried Grains with Solubles), insumo utilizado na indústria de ração animal.

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, ressaltou que a operação está alinhada à Nova Indústria Brasil, programa que busca modernizar e tornar mais competitivo o parque industrial até 2033, com foco na sustentabilidade. “Estamos apoiando cadeias produtivas estratégicas, acelerando a descarbonização e fortalecendo um modelo de baixo carbono, com geração de empregos e inovação tecnológica”, afirmou.

Durante a fase de implantação, o projeto deverá criar cerca de mil postos de trabalho, e, na operação, aproximadamente 110 profissionais qualificados serão contratados. Segundo Felipe Vicchiato, diretor Financeiro e de Relações com Investidores da São Martinho, a planta terá como diferencial a eficiência energética, com um dos menores consumos de vapor por tonelada de moagem da indústria, dispensando a compra de biomassa externa. “Essa eficiência garante vantagem econômica, maior sustentabilidade e independência operacional”, destacou.

O presidente da Finep, Luiz Antonio Elias, explicou que a instituição concentrou seu apoio nas frentes mais inovadoras do projeto, como a implantação de tecnologias 4.0 no processo industrial e o desenvolvimento pioneiro no Brasil de um método para recuperar óleo da vinhaça. “Estamos comprometidos com a neoindustrialização, tendo inovação e sustentabilidade como pilares para o crescimento econômico”, enfatizou.

A Unidade Boa Vista já possui uma planta de etanol de milho, também financiada pelo BNDES, que entrou em operação na safra 2023/24. O complexo, inaugurado em 2008, abriga também uma planta de etanol de cana-de-açúcar.

Fundada na década de 1930 e listada no Novo Mercado da B3 desde 2007, a São Martinho mantém quatro complexos industriais. Além da Boa Vista, dedicada também à produção a partir do milho, a empresa opera as unidades São Martinho, em Pradópolis - SP — maior processadora de cana-de-açúcar do mundo —, Iracema, em Iracemápolis - SP, e Santa Cruz, em Américo Brasiliense - SP. Em todas, o foco é eficiência, inovação e valorização das pessoas, reafirmando seu protagonismo na bioenergia e nos biocombustíveis.