BNDES lança maior chamada pública da história para fundos de economia verde
03-09-2025

Edital deve atrair até R$ 18 bilhões em investimentos, combinando capital público e privado em projetos de transição climática e ecológica

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou nesta segunda-feira (1º) a Chamada de Clima, um edital público inédito que prevê aportes de até R$ 5 bilhões para fundos de investimento voltados a iniciativas de descarbonização industrial, transição energética, adaptação de infraestrutura às mudanças climáticas, agricultura de baixo carbono, reflorestamento, conservação florestal e restauração ecológica.

A iniciativa marca a retomada das operações da BNDES Participações (BNDESPAR) em renda variável e consolida o papel da instituição como investidor-âncora no fomento a projetos de sustentabilidade. A expectativa é que a entrada do banco mobilize até R$ 13 bilhões adicionais de capital privado, totalizando R$ 18 bilhões em investimentos no setor.

A Chamada de Clima contempla dois tipos de instrumentos: fundos de equity (participações) e fundos de crédito. O BNDES poderá selecionar até cinco fundos de equity, com aportes que somam R$ 4 bilhões. Desses, três serão destinados à Modalidade de Transformação Ecológica — que abrange transição energética, agricultura verde e descarbonização — e dois à Modalidade de Soluções Baseadas na Natureza, voltada para reflorestamento, manejo florestal sustentável, silvicultura regenerativa e preservação da biodiversidade.

Já os fundos de crédito, que receberão até R$ 1 bilhão, também serão selecionados em ambas as modalidades, com limite de dois veículos de investimento.

As inscrições estarão abertas até 20 de outubro de 2025, e o resultado final será divulgado em janeiro de 2026. O edital permite a participação de investidores estrangeiros, ampliando o alcance da chamada.

Participação do BNDES e alavancagem de capital

Nos fundos de equity, a BNDESPAR poderá subscrever até 25% do capital comprometido, com limite de R$ 1 bilhão por fundo na modalidade de transformação ecológica e de R$ 500 milhões para soluções baseadas na natureza.

Nos fundos de crédito, a participação poderá chegar a 50% do capital, com aportes de até R$ 500 milhões por veículo, independentemente da modalidade.

Segundo o banco, o modelo amplia o acesso das empresas ao capital de longo prazo, estimula boas práticas de governança e gera efeito multiplicador. Hoje, a carteira de fundos de participação e crédito do BNDES soma R$ 8,4 bilhões em compromissos, que alavancam aproximadamente R$ 36 bilhões em recursos no mercado — uma proporção de três vezes o capital comprometido.

“Trata-se da maior chamada pública já realizada pelo BNDES para fundos de investimento, com potencial de transformar a carteira da instituição”, afirmou Aloizio Mercadante, presidente do banco. Para ele, a iniciativa reforça o compromisso do governo com a agenda de mitigação climática e posiciona o BNDES como catalisador de investimentos privados em setores estratégicos da transição sustentável.

O apoio via fundos também possibilita compartilhar riscos entre diferentes agentes econômicos e fortalecer o mercado de capitais brasileiro, ao criar novos instrumentos financeiros conectados à agenda verde.

Os fundos de equity, constituídos na forma de Fundos de Investimento em Participações (FIPs), aplicam recursos em instrumentos que representam participação no capital de empresas, como ações, bônus de subscrição e debêntures conversíveis. Já os fundos de crédito alocam recursos em títulos de dívida e direitos creditórios, incluindo FIDCs, FIAGROs e instrumentos ligados a cadeias produtivas do agronegócio.

A diferenciação permite atender desde empresas em fase de expansão, que precisam de capital de risco, até negócios maduros, que demandam crédito estruturado para financiar sua operação.