Brasil bate recordes nas exportações agropecuárias em março
16-04-2025

Soja, carnes e café impulsionam o agronegócio nacional, com destaque para alta demanda asiática e americana

As exportações do agronegócio brasileiro em março de 2025 surpreenderam positivamente o mercado, atingindo a impressionante marca de US$ 15,6 bilhões, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Isso representa um salto de 39,2% em relação a fevereiro e um avanço de 12,5% na comparação com março de 2024, conforme informações do Radar Agro, relatório divulgado pela Consultoria Agro do Itaú BBA.

De acordo com o documento., o término da colheita impulsionou os embarques de soja em grãos, que mais que dobraram na comparação com o mês anterior, totalizando 14,7 milhões de toneladas — um crescimento anual de 17%. Apesar da queda de 8,2% no preço médio (US$ 397,7 por tonelada), o volume exportado representa o maior já registrado para um primeiro trimestre na história.

O óleo de soja também apresentou desempenho notável, com aumento de 53% em volume em relação a março de 2024, totalizando 204,2 mil toneladas, vendidas por US$ 1.009,2/t — valor 14% superior ao mesmo período do ano anterior. O farelo de soja seguiu a tendência, com 1,98 milhão de toneladas embarcadas, alta de 15% frente a 2024, embora com queda de 20% no valor por tonelada.

As exportações de carne bovina in natura mantiveram o ritmo de alta, alcançando 215,4 mil toneladas, um salto de 30% em relação ao mesmo mês do ano anterior. O valor médio foi de US$ 4.898,9/t, 8,2% acima do praticado em março de 2024.

Já o frango in natura cresceu 3% no volume exportado, chegando a 408,8 mil toneladas, com valorização de 6,5% no preço. A carne suína teve o melhor março da história, com 102,7 mil toneladas exportadas — crescimento de 30% em relação ao ano anterior —, puxado pela demanda da Ásia, especialmente da China.

Outro destaque foi o café, com embarques de 219,1 mil toneladas, crescimento de 5% sobre 2024. O preço médio disparou para US$ 6.501,6/t, alta de 83,2% em relação ao ano passado. No acumulado do trimestre, o volume exportado (636,6 mil toneladas) foi 2% menor, mas a receita gerada foi significativamente superior.

O milho também brilhou com um salto de 104% no volume exportado, totalizando 870,7 mil toneladas, a um preço médio de US$ 238/t — crescimento anual de 3,8%.

Etanol avança, mas açúcar recua

No setor sucroenergético, o etanol teve crescimento de 20% em volume, alcançando 259,2 mil m³, com preço em ascensão (US$ 580,4/m³). Em contrapartida, os embarques de açúcar sofreram: o VHP caiu 32%, e o refinado, 25%, refletindo menores preços e uma demanda menos aquecida.

As vendas externas de ovos quase dobraram, com 2 mil toneladas embarcadas só em março, sendo 54% destinadas aos Estados Unidos, que demandaram praticamente o mesmo volume de todo o ano de 2024 apenas neste mês. O trimestre acumulou 8,5 mil toneladas exportadas — o melhor desde 2012.

Os EUA reforçam sua posição como segundo principal parceiro comercial do Brasil no agronegócio, atrás apenas da China. Em 2024, os americanos importaram mais de US$ 12 bilhões em produtos agrícolas brasileiros, 73% a mais do que há 10 anos. Os destaques incluem café verde, celulose, sucos, carnes, madeira e derivados do açúcar.

O relatório ressalta que o ambiente comercial internacional ainda inspira atenção. A imposição de tarifas pelos EUA pode representar desafios para setores específicos, a depender da evolução diplomática entre os países. Por outro lado, a guerra comercial entre EUA e China favorece indiretamente o Brasil, principalmente no caso da soja, que encontra menos concorrência americana no mercado chinês.