Brasil inaugura era da geração térmica a etanol com projeto pioneiro em Suape - PE
22-09-2025
Usina investe R$ 60 milhões em motor da finlandesa Wärtsilä e se torna a primeira termelétrica do mundo a operar em larga escala com biocombustível
A matriz elétrica brasileira está prestes a ganhar um marco inédito: a Térmica Suape II, localizada no Porto de Suape, em Pernambuco, passará a usar etanol como combustível para geração de energia elétrica. O projeto, conduzido pela Suape Energia em parceria com a finlandesa Wärtsilä, é o primeiro do mundo em larga escala a substituir óleo combustível por etanol em uma termelétrica.
O motor movido a etanol, desenvolvido pela Wärtsilä, deve chegar ao Brasil no terceiro trimestre de 2025. Ele será instalado em uma das unidades da usina, que já conta com 17 equipamentos movidos a óleo. O investimento total, estimado em R$ 60 milhões, é dividido entre a Savana Holding, controladora majoritária com 80% da participação, e a Petrobras, sócia com 20%.
A previsão é que os testes comecem em abril de 2026, com duração de 4 mil horas — aproximadamente cinco meses e meio de funcionamento contínuo. Até lá, a infraestrutura está em fase final de implementação. A Wärtsilä forneceu metade dos equipamentos, enquanto a Suape Energia assumiu custos de montagem e logística.
Durante a fase experimental, a usina não será remunerada pelo envio de energia ao Sistema Interligado Nacional (SIN), mas já contribuirá para validar a tecnologia. A unidade a etanol terá capacidade de 4 MW, energia suficiente para abastecer cerca de 19 mil residências ou uma cidade de 80 mil habitantes.
Segundo informações da empresa, a eficiência do motor a etanol fica entre 39% e 40%, contra 46% a 48% de um motor a diesel. A diferença é compensada pela redução drástica das emissões: apenas 10% do CO₂ liberado em comparação com usinas movidas a combustíveis fósseis.
Além do benefício ambiental, a tecnologia oferece agilidade. Enquanto o óleo combustível exige processos de aquecimento e filtragem, o etanol permite que a usina entregue potência ao SIN em apenas meia hora.
O etanol será fornecido pela Vibra Energia, com custo adicional de R$ 15 milhões para a compra de seis milhões de litros que abastecerão os testes.
A Petrobras, sócia minoritária, também participa ativamente do projeto. A estatal vai acompanhar todos os testes, envolvendo seus centros de pesquisa e desenvolvimento. O objetivo de longo prazo é construir uma termelétrica inteiramente movida a etanol, com capacidade de pelo menos 100 MW. A Suape Energia já tem exclusividade para operar a tecnologia no Brasil em futuras licitações, em parceria com a Wärtsilä, que também poderá expandi-la para outros mercados internacionais.

